quinta-feira, 29 de setembro de 2011

... os bons nos deixam cedo...

Hoje foi um dia muito triste aqui em casa. Alguém que eu conhecia pouco mas que admirava muito não está mais por aqui. Disparu, como se diz aqui em francês.
Uma pessoa cheia de vida, de projetos, uma mãe de família, excelente profissional e muito engajada em seu trabalho com crianças com tumores cerebrais.
Um trabalho que acompanho um pouco (de longe) e que é muito difícil não apenas para as crianças, mas para os adultos que se ocupam delas. Se tudo corre bem no tratamento, elas dão alta, voltam para casa (que é muitas vezes em um país distante) e tentam levar uma vida normal (para sempre ou enquanto for possível) ou se tudo corre mal elas vão para algum lugar ainda mais distante do que a gente pode imaginar... mas nos dois casos o projeto não tem continuidade.

E desta vez foi S. que não conseguiu concluir seu projeto.
Atingida (ela também) pelo câncer.

Um de seus últimos desejos foi que as crianças trabalhassem no mesmo segmento que no ano passado, ou seja, igualmente esculturas em argila, mas desta vez será sobre um outro tema. De acordo com suas últimas diretivas, o resultado será exposto e vendido ao final, o que é uma novidade! As receitas serão revertidas para apoiar as pesquisas sobre o câncer. Um projeto modesto e simbólico do ponto de vista financeiro, mas cheio de ambições do ponto de vista humano.

O trabalho do ano passado, que resultou nessa (re)construção de um vilarejo nos modelos subsahariano.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Arte e Cultura em Avignon

Avignon é a cidade francesa dos papas e do teatro, mas além dos pontos de visitação tradicionais (que podem ser feitos em um dia), a mesma tem muito mais a oferecer: um rico acervo cultural e museus de excelente qualidade. Motivo suficiente para desejar permanecer alguns dias percorrendo as suas ruazinhas...

Musée Calvet

Criado em 1811, seu nome se deve a Esprit Calvet que legou sua coleção à cidade de Avignon. Au longo da sua vida, esse rico médico havia acumulado objetos do Egito, Roma e Grécia antigos, pinturas, esculturas, e mesmo um dos primeiros marfins escultados da Africa conhecidos na França. 
As obras apresentadas vão do século XVI au XXI. 
Podemos encontrar obras de Manet, Boonard, Valadon, Géricault, Soutine, Sisley, Emile Bernard... e muito mais!


 Horace VERNET (1826), adorei a luminosidade que destaca apenas o centro da obra!

Visitei a exposição temporária em torno do tema do Egito, com mais de 400 peças, interessantíssima!

Musée du Lapidaire

Faz parte da fundação Calvet e abriga Além a coleção arqueológica. Situado em uma capela de um antigo colégio jesuíta do século XVII.

Musée Angladon 

Exibe uma coleção importante de obras dos séculos XVIII, XIX e XX, com nomes como Van Gogh, Manet, Modigliani, Sisley, Degas, Cézanne, Picasso, dentre outros,  resultado da coleção particular de Jacques Doucet, proprietário de uma das primeiras "maisons" de alta-costura de Paris, que fez fortuna com clientes ricas e famosas.

Essa obra de Modigliani é a "menina dos olhos" do museu!
Quando estive lá havia uma exposição muito interessante de fotografias sobre "Bonnard, Degas e Vuillard". ver esses personagens em foto, incrível!

Musée du Petit Palais

Localizado no antigo palácio do arcebispo (séculos XIV e XV), onde podemos observar pinturas e esculturas da Idade Média e Renascença (mais de 300 pinturas italianas dos séculos XIII au XVI)
Apaixonada por Botticelli, para mim essa é uma das peças mais belas do museu!

Palais du Roure

O antigo hotel particular de baroncelli-Javon (século XV), conhecido como a villa Médicis provençal, em estilo florentino, de coração e alma avignonnaise. A família Baroncelli, originária de Florença ali se instala em Avignon e começa a construção desse lar em estilo gótico em 1469. A família morou nessa residência até 1908. Em 1918 a jovem Jeanne de Flandreysy se torna proprietária do local (adquirido por seu pai) e desejou que a residência se transformasse em museu, biblioteca e centro de estudos. Além de uma linda coleção de móveis provençais , desenhos, telas, mais de uma centena de sinos decoram a residência, de todas as épocas e tamanhos! Uma coleção um tanto estranha, mais ainda ao fato dela dedicar alguns deles aos grandes homens que marcaram a sua vida!

Musée d'histoire naturelle Esprit Requien
Praticamente ao lado do museu Calvet existe esse pequeno mas curioso museu de história natural criando em 1840! Perfeito para visitar com crianças.

Musée Louis Vouland: nesse não tive tempo de ir, mas trata-se de uma decoração de artes decorativas.

Colletion Lambert en Avignon: coleção de arte contemporânea. Também ficou para a próxima visita!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Filmezinhos

Não falo dos filmes que ando vendo simplesmente porque não estou vendo!!! Bem que gostaria, tinha tanta coisa nova em cartaz, mas o tempo passou tão rápido que nem percebi! Falta imperdoável que pretendo recompensar em breve!

Mais Comment font les femmes ? ( I Don't Know How She Does It ), o novo filme com a Sarah Jessica Parker e o bonitão do Pierce Brosnan. 
Um filme superagradável do início ao fim! Se ele entra e reforça alguns clichês, a gente entra no filme (e faz associações com a realidade!) e não encontra nada negativo a dizer! Fica aquela mensagem de que a família é sempre o mais importante... e quem vai dizer que néao? As mamães já sabiam disso há muito tempo, mas talvez as profissionais feministas de plantão terão algumas críticas a acrescentar!
Adorei e recomendo! Mesmo meu marido gostou, o que pode querer dizer que não precisamos necessariamente assistir entre amigas! Mas como ele é um pouco diferente, não sei se os companheiros de vocês vão gostar!

Super 8
Um filme superesperado do J.J. Abrams (Lost) e Steven Spielberg que eu queria muito ver!  Ele me prendeu a cada segundo até o momento em que ele revela "a coisa". Depois desse instante, para mim perdeu quase toda a graça. Incrível como os filmes desse tipo se parecem todos no que diz respeito à imagem da criatura! Um ponto alto para a atuação das crianças, que estavam excelentes cada um em seu papel!
Valeu a pena ainda assim!

Greenberg
Assisti essa semana no dvd esse filme com o Ben Stiller. Estava querendo olhar alguma coisa leve e engraçada e achei que com ele não tinha erro... Que engano! Filme superpesado, do meu ponto de vista completamente desinteressante! Deve ser por isso que nunca tinha ouvido falar dele antes! E o personagem da Florence, que banalidade, e ainda achei que ela interpreta muito mal! As cenas de intimidade me deixaram até mesmo com um grande mal-estar.
Em resumo, o filme não me acrescentou nada, nem mesmo me proporcionou risadas e nem mesmo lágrimas! Se você nunca ouviu falar, não perdeu nada! A riscar e nunca mais ver mesmo se um dia não tiver outra opção! Uma perda de tempo!


Harry Potter e as relíquias da morte (parte 2)
Tendo assistido todos os outros, claro que não poderia deixar esse de lado! Gostei muito desse último e da forma como a história foi finalizada. A última cena foi bem banal e deixou a desejar, mas fora isso o filme foi muito bom!!!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Patrimônio religioso de Avignon

A época em que Avignon foi uma cidade papal permitiu o desenvolvimento da cidade do ponto de vista cultural e religioso. Conventos, igrejas e capelas foram construídas em todos os cantos da cidade. Testemunho de uma história de poder e de fé, de avanços arquiteturais e artísticos.
Ruinas do antigo cloîte Saint-Martial
Convento des Cordeliers

Igreja st-Agricol: visitando a igreja uma freira veio falar comigo e me contou a história de Santo Agricol e da igreja. São Agricol foi eveque de Avigon entre os anos 660 e 700. A construção de uma igreja nesse local se deve a essa época, mas ela foi reformada e aumentada ao longo dos séculos. Ele é o patrono da cidade, abençoando a agricultura, a colheita, as vinhas e os produtos da região.


Catedral Notre-Dame-des-Doms 

Convento des Célestins
Igreja São Pedro


domingo, 25 de setembro de 2011

Excalibur e os eventos do Stade de France

Ontem fomos assistir ao grande espetáxulo "Excalibur, la légende du roi Arthur et des Chevaliers de la table Ronde" (A lenda do rei Artur e os cavaleiros da távola redonda), representado de forma grandiosa no Stade de France, na região parisiense.
As fotos foram retiradas do google imagens
Excalibur
O espetáculo foi realmente muito bonito! Foram necessários 18 meses de criação para apenas uma representação! Luzes e som de primeira, figurantes e dublês em cenas de combate de tirar o fôlego, tudo isso em 9 mim metros2 de "palco"... Musica e danças celtas, fogos e magia. Toda uma seqüência com cavalos em que os cavaleiros faziam absurdos sobre os cavalos!!! Em pé sobre o cavalo, com a cabela para baixo e as pernas para cima fazendo "tesoura", descendo e subindo do cavalo (usando a esquerda e a direita) com o mesmo em boa velocidade, combates de lança sobre os cavalos, dentre outras cenas.

Além disso toda uma cena com pombas brancas... e uma outra muito bonita com um falcão de verdade.  E personagens que todo mundo conhece: Rei Arthur, Lancelot, Merlin, Morgana, Guenievre, Mordred.

Apresentação dos artistas no final do espetáculo (fotos da autora)
Stade de France:
Não é a primeira vez que assito alguma coisa lá e gostaria de relatar brevemente como funciona... Primeiramente, o estádio fica perto de Paris, de fácil acesso pelos transportes públicos. Porém fica em uma cidade e departamento considerada por muitas pessoas relativamente violenta. Mas em todas essas ocasiões achei tudo tão organizado e calmo que famílias, idosos e crianças (aompanhadas de responsáveis, claro) podem frequentar sem nenhum receio. Sempre fui com o RER B, descendo na estação La Plaine Stade de France (existe a opção de ir pelo RER D e de metrô linha 13). Ao sair da estação, basta seguir em linha reta uma grande rua de um bairro de negócios com grandes prédios de vidro de grandes empresas. Então nada da imagem de periferia pobre ou favela que muita gente imagina dessa região. Além disso, como pode-se espetar 50 mil pessoas nesses eventos, existe muito policiamente para controlar o fluxo (pedestres e motoristas). Existem portas de entrada ao redor de todo o estádio, indo de A a Z, vai depender do que está escrito no seu ingresso. Praticamente não tem fila, mas temos que mostrar as bolsas e ser revistados (seguranças em civil). Teoricamente eles fazem muita atenção às garrafas de plástico e retiram a tampa, o que sempre me estressa, pois tenho que ficar todo o tempo ali com a minha água aberta e sou obrigada a beber tudo ou então depois jogar fora para não ter que voltar com uma garrafa aberta!
Pelo que percebi todos os lugares são marcados e sentados, relativamente confortável. As bancadas são altas, então não somos atrapalhados pela cabeça do gigante sentado à nossa frente! Outra vantagem é que o estádio é todo coberto, com um furo no meio... Então mesmo que chova, a platéia está protegida.

Fotos retiradas do google imagens
Para ter uma idéia do estádio em dia de jogo
Quando o evento termina, a multidão se dirige aos transportes públicos, e mais uma vez a polícia regula o fluxo, evitando tumultos nos transportes. Eles deixam passar apenas uma certa quantidade de pessoas de cada vez, os demais esperam o próximo trem.
Enfim, tudo muito civilizado!!!
Mas claro que não estou falando de um jogo de futebol, ainda mais quando se trata de equipes rivais... Já peguei a linha 13 em dia de jogo entre a equipe de Marseille e Paris St Germain, e os reguladores de fluxo organizavam um metrô para os torcedores de uma equipe, e outro para outra equipe... E quem como eu estava ali por acaso e néao tinha nada a ver com a história, pegavámos qualquer um dos metrôs, no meio daqueles torcedores superempolgados... melhor tentar passar desapercebido!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Aznavour e o Olympia

Essa semana enfim chegou o dia do meu encontro com "Aznavour en toute intimité"* no Olympia!

O primeiro grande momento foi entrar pela primeira vez no Olympia. Quem conhece um pouco da história de Paris ou ao menos assistiu o filme sobre Edith Piaf (com Marion Cotillard) sabe que o Olympia é o mais antigo music-hall de Paris ainda em atividade. Inaugurado em 1893, acolheu espetáculos estilo cancan, depois foi um cinema, até que em 1953 Bruno Coquatrix compra essa sala legendária e a transforma em music-hall. Reformado em 1997, a fachada continua a mesma, mas o interior foi reconstruído de forma idêntica, apenas alguns metros longe da rua. Parece que o que realmente mudou foram os bastidores, mas esses néao tive oportunidade de visitar!


A sala é pequena (o que faz com que os eventos ali sejam relativamente caros), mas pelo que pude perceber todos os lugares são bons, com excelente vista de toda a cena e a acústica é ótima.

Aznavour entrou em cena cantando duas músicas de seu novo disco, depois conversou com o público, explicando rapidamente como iria se desenrolar o show, com algumas novas canções de hoje que serão antigas futuramente, canções de ontem, anteontem e ante-ante-ante-ontem...
Então ele recomeça com "Paris au mois d'août", uma verdadeira emoção para mim, que não consegui controlar as lágrimas.
Durante algumas pausas breves entre uma música e outra ele explica que sua memória não é mais a mesma e que provavelmente ele deverá recorrer ao prompteur em alguns momentos. Confesso que deve ter sido de forma bem discreta, pois não percebemos! Consciente de sua idade (ele não tem mais 20 anos!), ele não tem vergonha de dizer que vai adaptar o show às necessidades da idade avançada: sentar se necessário, ausentar-se alguns segundos para se hidratar, etc.
Ele cantou uma canção mais linda do que a outra, dentre elas "Hier encore, Je voyage (em duo com a sua filha Katia), La Mamma, Les comédiens, La Bohème, Que c'est triste Venise, Sur ma vie, Comme ils disent, Emmenez-moi, Mes emmerdes, Qu'avons-nous fait de nos 20 ans?", dentre outras.
Duas horas de muita emoção, nostalgia e simplicidade, Charles Aznavour em plena forma e com uma voz que continua impressionante. Acompanhado e uma orquestra extrememente competente, eu não poderia ter sonhado com nada melhor!

E você, qual cantor ou grupo você sonha em ver ao vivo?

* nome do espetáculo

Informações práticas:
Aznavour pode ainda ser visto no Olympia até 6 de outubro de 2011, em seguida ele faz uma tournée pela França, que se termina no início de dezembro em Lille. Então quem é fã não pode perder, já que ele deve se aposentar após!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Avignon: Cidade dos Papas

Vocês já devem ter percebido que adoro passear pela França e conhecer novos lugares, mas há tempos queria conhecer o sul e nunca dava... sabe como é, a gente tem uma vida aqui e não dá para sair viajando como gostaria...

Avignon fica a cerca de 3 horas de trem de Paris (580 km), e no caminho já vamos percebendo que a paisagem vai mudando... Para mim parecia muito com as paisagens que conheci da Italia, com uma luminosidade incrível, céu azul, tempo ensolarado e casinhas de pedra ou de cores claras, com telhas rosadas...

Conhecida como cidade dos papas e do teatro. O rio que banha a cidade é o Rhône (é dessa região o famoso vinho Côtes du Rhône). Impossível ficar alheio a essa cidade rodeada por uma muralha do século XIV onde o Palácio dos Papas é o personagem principal.


O Palais des Papes e sua esplanada
Construído no século XIV, possui 15 mim m2 e é dividido em 2 prédios bem distintos: o palácio velho e o novo. A parte "velha" é uma fortaleza de arquitetura bem austera, mas a parte "nova", apesar do aspecto exterior não mudar muito, era ricamente decorada interiormente e bem confortável para a época. Infelizmente  os poucos afrescos que restam não estão em bom estado e devem ser dificílimos de restaurar. Mas podemos ter uma idéia de como era na época a partir do que resta no antigo quarto do Papa e o quarto do Cervo (chamado dessa forma devido às pinturas de cenas de caça nas paredes).


Apesar das controvérsias, a Ponte de Avignon (Pont St-Bénezet) é o monumento mais visitado da cidade. Em 1177 o jovem pastor Bénezet escutou vozes que o ordenazam a construir a ponte, ligando Avignon a uma charmosa cidadezinha ao lado (Villeneuve-lès-Avignon). Tratado de louco pelas autoridades, ele convenceu o povo, que o ajudou na construção da ponte de 900 metros e 22 arcos. Destruída por diversas cheias no século XVII, hoje restam apenas 4 arcos. Existe uma pequena capela sobre a ponte (Capela São Nicolau), com deus santuários superpostos: um dedicado a São Nicolau e o outro a São Bénezet.



  A ponte vista do Rocher des Doms e uma imagem de São Bénezet

As muralhas que cercam Avignon são um espetáculo à parte:

Se não havia realmente uma importância militar na sua época, mas funcionava apenas como um primeiro obstáculo antes de chegar ao palácio, fico contente que ela esteja em tão bom estado! Um charme só, atualmente toda florida e arborizada.



Gostei tanto da cidade que a mesma merece um segundo post, reservado aos outros locais de visitação que geralmente a gente deixa de lado maravilhados pelos monumentos mais conhecidos!!! Ficaria cansativo em um só texto e não valorizaria as imagens!