terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Especialidades e Gastronomia de Dijon

Moutarde de Dijon
Quem fala de Dijon pensa direto na mostarda, sendo a "mostarda de Dijon" uma das mais famosas do mundo! Para quem nunca provou, ela é bem picante, muito diferente da americana e da alemã que acompanha as deliciosas linguiças da Bavária. Quando degustei pela primeira vez assim que cheguei na França, não consegui comer! Então depois comecei por uma mostrada "douce" (suave), depois mi-forte, e agora topo qualquer uma! Na França é uma verdadeira tradição (mas sempre vai existir Francês que não come) e ela é sempre servida com carnes. Agora, até quando vou ao Brasil e como um churrrasco, sinto vontade de uma mostardinha francesa para acompanhar a carne!
E ela é realmente uma grande atração em Dijon. Impossível não avistar uma loja. As melhores que conheço são da marca Maille, com quase 300 anos de tradição (também existe uma loja em Paris para quem é amator dessa especialidade). Mas atualmente o grande produtor desse condimento é o Canadá, a França nem aparece na classificação, já que é uma mostarda considerada "fina", não é para acompanhar hamburguer nem hot dog (mas acompanha que é uma beleza!)

Pain d'épices
São pães, bolos ou biscoitos com mel e especiarias. Na França, a tradição dessa gourmandise remonta aos duques de Bourgogne. Infelizmente após a Segunda Guerra Mundial os processos de fabricação mudaram e  a cidade conta com uma única fábrica que segue o modelo tradicional, é a casa Mulot et Petitjean, que data de mais de 2 séculos. Uma outra variação são as nonnettes, um pão de mel cilíndrico, recheado ou não (o tradicional é recheado com uma geléia de laranja, mas existe uma infinidade de outros sabores!


Crème de Cassis
Um creme alcóolico feito a base de cassis, imprescindível para a realização do maravilhoso aperitivo chamado kir (originário da região e que conquistou toda a França): um fundo de creme de cassis e complete a taça de vinho branco, ou de champagne (para o kir royal).
Gougères
O pão de queijo francês... Não tem o mesmo gosto do nosso, mas tem o seu charme... Eh geralmente servido em aperitivo, acompanhado de vinho! A foto roubei peguei na internet, pois o meu desapareceu tão rápido que nem deu tempo de fotografar!
Anis de Flavigny
Essas bolinhas brancas de anis (Pimpinella anisum) não são originárias de Dijon, mas da cidadezinha de Flavigny ali pertinho. As tradicionais são de anis mesmo, mas existem variações a base de menta, rosa, violette, réglisse... E os sabores são naturais.


E como viajar para mim significa também apreciar a gastronomia local, escolhemos um restaurante onde provamos os pratos tradicionais.

Jambon persillé (presunto com salsa) de entrada:

Eu adoro, mas a gelatina salgada que serve como liga, parece que se come, mas eu prefiro não comer... Não gosto da textura!

Coq au vin (de bourgogne)
Eh uma carne de frango que é cozida bastante tempo no vinho, até que o molho fique bem escuro, e o frango se desmancha!
 Boeuf Bourguignon:
Mesmo princípio do prato acima, mas uma carne (de gado) de "panela". Mesmo que a cor seja parecida, os gostos séao bem diferentes, até mesmo do molho.

Escolhemos para o jantar esse restaurante bem simpático. A comida e o atendimento foram muito bons, o único porém é que eu esperava uma decoração interna que seguisse a externa:
Restaurant Le Moulin à Vent
Optamos pour uma sobremesa que não era exatamente da região, mas que adoro: profiteroles. Não sei explicar como é, mas é uma massa doce redondinha, recheada de sorvete (baunilha), um molho (quente) de chocolate por cima e chantilly. As vezes o sorvete vem separado. 

Dijon possui uma grande opção de restaurantes, mas domingo quase tudo é fechado. Sábado ao meio-dia almoçarmos em um restaurante simples e simpático chamado Café de l'Industrie. E um bar que serve almoço, muito frequentado pelos dijonnais (habitantes de Dijon). Enquanto procurávamos um lugar para almoçar, duas pessoas nos indicaram esse restaurante dizendo que era ótimo, e quando olhavámos o cardápio na frente, ainda outra nos disse que os produtos era frescos, comprados no dia mesmo no mercado. O preço sendo excelente, não hesitamos! Os donos são uns amores, e no final ainda nos ofereceram um digestivo. Toda hora passavam pelo Sylvain e lhe davam um tapinha nas costas perguntando se tínhamos gostado.

E ainda conseguimos passar rapidamente na Brasseria Imprimerie, um outro que nos parecia bem legal e lotado sempre que passávamos pela frente (e ficava na rua principal!). Como também nos disseram que apesar de ser novo era excelente, e estava aberto no domingo, entramos e adoramos! pena que estávamos com muita pressa e tivemos que pedir algo rápido para comer antes do nosso trem. Mas esse prato enorme por menos de 9 euros?
E o mais interessante é a decoração: livros para todos os lados, acessórios imitando uma verdadeira sala de impressão, com máquinas inclusive. O espaço é bem grande, com vários ambientes (para tomar um café, comer, ler...). Pelo jeito já foi aprovado pelos dijonnais, e eu também aprovei!

Não consegui provar todas as especialidades, faltou estômago! Da próxima vez não vou menosprezar os oeufs (ovos) en meurette !

domingo, 29 de janeiro de 2012

Um primeiro olhar sobre Dijon

Dijon é a cidade principal de uma região francesa chamada Bourgogne. Uma terra de excelente gastronomia, vinhos, arquitetura e paisagens de perder o fôlego! Ainda por cima, para contrariar a içmagem que se tem dos franceses, os habitantes que cruzamos ao longo do final de semana foram adoráveis conosco do início ao fim!!! Muito fácil de chegar, com trem que faz o trajeto desde Paris em 1h35min (opção mais rápida).
Saindo da estação de trem é muito fácil ver os principais pontos da cidade, basta seguir a corujinha marcada no chão... São 4 percursos a pé (além do centro histórico que já conta 22 etapas) para saborear o charme da cidade, voltar no tempo e na história!
Mas porquê uma coruja? Um dos lugares mais encantadores de Dijon é a rue de la chouette (rua da coruja), onde se encontra uma coruja escultada em uma das paredes externas da Igreja Notre-Dame (de Nossa Senhora) e que se tornou dos símbolos da cidade. Para ter sorte, basta acariciá-la com a mão esquerda!
 Ainda podemos admirar lindas casas antigas, das quais uma delas data de 1483, a casa Millière, que foi um dos locais de gravação do filme Cyrano de Bergerac (na versão com Gérard Depardieu), um dos preferidos do meu chéri.

Nosso sábado começou com o animado mercado (les halles), atração pela manhã. Ali todo mundo se encontra, compra suas frutas e legumes, queijos, carnes e presuntos de todos os tipos... E para em um dos stands para beber uma taça de Bourgogne (vinho!)


Muita coisa bonita para ver na rue de la Liberté, ao redor do palácio dos antigos Duques de Bourgogne:


Esse tipo de telhado com coloridos geométricos é presente na região. Um prazer aos olhos, mas para isso temos que olhar um pouco ao redor por onde passamos!



Foi apenas uma "palhinha" sobre a cidade, para deixá-los com água na boca, ou ao menos curiosos... Estou muito cansada, cabeça explodindo, mas não quero deixar atrasar ainda mais para falar desse passeio tão legal e do qual voltamos com mais de 500 fotos! E como não gosto de colocar fotos das pessoas sem as devidas autorizações, deixo aqui as dos meus mais novos amiguinhos que se deixaram fotografar facilmente e não se preocupam com a imagem!


Vi um pela primeira vez aqui na França, com quase 30 anos, e ainda hoje cada vez que vejo um, sinto uma alegria imensa!

Sempre amei os patos, e por aqui tem em cada laguinho!!! Um mais bonitinho do que o outro!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Théatre de l'Epée de Bois

Já comentei que Paris conta com centenas de salas de teatro, o que quer dizer diversas peças em cartaz ao mesmo tempo. Tem sempre uma que nos interessa. O problema é que geralmente existem dezenas que me interessam, e não dá para ver tudo, pois além de faltar tempo, financeiramente ficaria inviável!

Desta vez foi Sylvain quem escolheu a data e a peça, e como geralmente ele não propõe nada me deixa escolher a programação, não vou reclamar, não é mesmo?

Mas no dia D a gente se encontra após o trabalho em Paris e ele estava um pouco preocupado pois não tinha encontrado o endereço no mapa! Acabamos descobrindo que mesmo que no endereço estivesse escrito paris, na verdade geograficamente ficava em Vincennes, uma cidadezinha ao lado de Paris muito charmosa, onde fica o Castelo de Vincennes, o Parc Floral e o Bosque de Vincennes. E não é que o nosso teatro ficava justamente DENTRO do bosque? E o pior, o metrô não chegava até lá, estava chovendo e estávamos sem guarda-chuva... Ok, não é por isso que vamos desistir, e descobrimos facilmente que havia um ônibus que nos deixava na porta do teatro. Chegando lá, impossível cntinuar com o mal humor em um espaço tão agradável. Uma excelente surpresa!


E para acrescentar, a peça "Mozart, père et fils" (Mozart, pai e filho) a partir da correspondência completa de Mozart estava linda! A ambição da mesma era mostrar Mozart na sua posição de filho, e não simplesmente de grande compositor que a gente conhece. Para representar o pai e o filho,  Jean-Claude e Renaud Drouot, pai e filho na vida real. Um lê, o outro canta, e um piano ao fundo... 
Como previsto, os papeis de confundem entre esses dois personagens tão ligados, Leopold (o pai) e Amadeus (o filho).
Foto trabalhada a partir do original encontrado na internet, já que não podemos fotografar durante o espetáculo.

Recomendo para quem se interessa por Mozart ou simplesmente quer conhecer  um pouco mais sobre esse personagem excepcional. Mas não esperem que a peça seja muito dinâmica, pois se apoia justamente nas correspondências, e é necessário ter um bom domínio do idioma para entender tudo e seguir todas as passagens.

A peça continua em cartaz até o dia 12 de fevereiro de 2012.
Mozart, père et fils
Endereço: Théatre de l'Epée de Bois (Cartoucherie)
Acesso: estação Château de Vincennes (linha 1), depois ônibus 112, descer na Cartoucherie. A frequência de ônibus é muito boa, não esperamos praticamente nada, e ainda tem um transporte disponível gratuitamente geralmente após as representações.

E eu que no início não queria ir, já estou pensando em voltar para assistir a peça "Ainsi Parla Zarathoustra", a partir da obra de Nietzche, que estréia em breve no mesmo local! Entrei em uma fase Nietzche agora que enfim consegui começar a compreender um pouco a sua obra!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Gastronomia e Cultura em Lyon

Bouchon lyonnais

Um "bouchon" (nesse contexto) é um pequeno restaurante convivial e com preços acessíveis. Ao menos tradicionalmente era assim, pois agora, com o fluxo de turistas, os preços podem subir, é claro. Neles podemos provar a cozinha tradicional de Lyon, repleta de pratos a base de pedaços menos valorizados dos animais, como tripas, pés de carneiro, andouillette... Eu não gosto muito, então prefiro procurar no cardápio uma outra parte dos bichinhos!!! Tudo regado com um bom vinho Côtes-du-rhône ou um Beaujolais (um primo pobre, que na França não é muito valorizado, mas dizem que os brasileiros gostam porque é mais docinho...)
A cozinha francesa é bem diferenciada e varia muito de região para região. Pode-se comer de tudo e existe praticamente todo tipo de prato! 

Para o almoço de sábado escolhemos algo bem rápido e um local que está "na moda" em Lyon, "L'Epicerie". Parece que sempre está lotado (foi o caso nesse dia). A decoração faz um pouco anos 50, mesas grandes (onde todo mundo se mistura) ou pequenas, serviço rápido e tudo bem feito, apesar de simples. A especialidade da casa são as "tartines", esses sanduíches abertos, frios ou quentes e as sopas. As sobremesas também são ótimas!



Para se deliciar entre uma refeição e outra, por que não  se deixar seduzir pelos doces a base de pralines rosas, muito comum nos doces de Lyon?
Infelizmente não tenho uma foto da tradicional "tarte aux pralines roses de Lyon", mas só de ver já e uma tentação!
O jantar foi  com amigos apaixonados pelo México e sua culinária tradicional (longe do que conhecemos dos restaurantes Mex-Mex muito comuns aqui na França) no Restaurante Cazuela Y el Tequila, um ambiente pequeno porém bem simpátipo, acolhedor, uma viagem ao México!  
Foto emprestada da Cécile... Só cortei para proteger a imagem das demais pessoas.

E basta passar pela rua Mercière, que não vai faltar opções para todos os gostos e budgets. Do tradicional ao exótico, da gastronomia francesa à internacional. Não fui ao restaurante do grande chef francês Paul Bocuse, não estou podendo não, mas quem quiser viver a experiência nem que seja pela internet, pode visitar o post da Mirele que foi, contou e fotografou tudinho!!!

Museu de Belas-Artes de Lyon

Fica em um antigo convento da ordem dos beneditinos. O local é realmente lindo, e mesmo para quem não quer pagar para entrar, vale a pena visitar o pátio interno, acessível à todos gratuitamente.


Podemos encontrar uma importante coleção de esculturas, pinturas, e mesmo salas do Egito da época dos faraós.

O pintor Janmot, de Lyon mesmo, que eu ainda não conhecia (ou não lembrava) me impressionou muito! Eu considero a sua obra como fazendo parte do romantismo, mas especialistas a situam como uma transição do romantismo para o simbolismo.
 Louis Janmot, Fleur des Champs, do século XIX.
Adorei a sala apenas com as obras dele que compõem "Le Poème de l'âme" (poema da alma) e que o ocupou durante  45 anos de sua vida (de 1835 a 1880). No toral são 18 pinturas e 16 desenhos:
Aqui uma das pinturas do "poema" de Janmot, Rayons de Soleil (raios de sol).

Enfim, muitas atividades gastronômicas e culturais em Lyon... 
Não dá para fazer tudo em apenas um final de semana!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Lyon e seus outros encantos

Lyon é cortada pelos rios Rhône e Saône, o que significa muitas pontes para atravessar e lindas paisagens de um lado ou de outro de cada margem!

Além da parte antiga da cidade, existe é claro a parte "nova" (em comparação com a antiga, pois não tem nada a ver com uma arquitetura moderna):

 Uma das várias charmosas galerias comerciais da cidade!

 A rua comercial na qual encontramos quase todas as marcas de preços "corretos". 
Pelo que percebi, as marcas "de luxo" ficam em uma rua paralela a essa.
Sábado a noite a cidade é superanimada, consumidores realizando as últimas compras da semana, encontrando os amigos, sentados em um bar ou café... Uma  cidade bem "viva". Porém eu que já não gosto domingo, achei Lyon bem "parada". Com exceção de alguns turistas no centro histórico e rua de restaurantes, no meio da tarde foi difícil encontrar um local aberto para beber um café com amigos... E como jantaríamos na casa de outros amigos (convite de última hora), tivemos que chegar de mãos "abanando" pois não conseguimos encontrar nem um mercadinho aberto, também não vi nenhuma floricultura aberta, nada.

Les murs peints (paredes pintadas)

Há algumas décadas Lyon se tornou conhecida por suas paredes pintadas. os semanas são geralmente ligados à história do bairro e de seus moradores, ou de forma mais geral a história da cidade. Quase todos os anos novas paredes pintadas aparecem! Mas temos que olhar com atenção, pois muitas vezes, no meio de todos os outros prédios, essa técnica de "trompe l'oeil" ( para "enganar a vista", agora não sei o nome exato em português) é realmente eficaz e não percebemos à primeira vista que se trata se uma "falsa" fachada!



Guignol
Se inicialmente era um personagem específico criado por um operário da seda (canut) de Lyon, o nome se propagou e atualmente chamamos guignol ao conjunto desses marionetes. Eu tenho verdadeiro pavor, morro de medo deles, não me convidem para assistir a um teatro de guignol nem a visiter o museu do guignol!!! Mas faz parte da tradição de Lyon e ainda hoje, na França inteira, faz a alegria de pequenos e grandes!!! 

Place des Terreaux
Muito linda, sobretudo à noite, com sua linda iluminação.
 E não muito longe dali a Salle Rameau, uma sala de eventos, concertos, meeting, etc, pertencente à mairie (prefeitura) e em estilo Art Nouveau.

Igreja Saint-Nizier, belíssima em estilo gótico, não tem motivos para ter ciúmes da Catedral!


Foi muito agradável passear pelas ruas, atravessar pontes e subir colinas para apreciar as belezas de Lyon!