quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Natal 2012

Meu Natal foi em família... não a minha, que está lá no Brasil... E quando participo de algum evento com a família do Sylvain, não é pouca coisa não, pois agora ela conta com 23 membros!!!
Trabalhamos no dia 24 e saímos direto do trabalho para a estação de trem. Tudo lotado, a maior loucura, todo mundo correndo para encontrar família e amigos para a ceia de natal. Chegamos para a ceia e quase tudo estava pronto, apenas esperando os retardatários.



 Entradinhas preparadas com carinho pelo irmão cozinheiro.
Esse fruto do mar se chama Saint-Jacques, é delicioso e um prato de ocasiões especiais, como festas de final de ano.
 Adoro escargots!!!
 O prato foi o chapon assado (uma espécie de galo castrado para que a carne seja mais macia e sem gordura)
 Servido com um gratin dauphinois, batatas gratinadas ao forno com um molho bechamel.
 Inovação na sobremesa de Natal com os cupcakes de diversos sabores

A tradicional "bûche de Noël" não podia faltar.

Porém o momento mais aguardado da festa foi a passagem do Papai Noel... Será que dá para reconhecer quem encarou essa missão?
 Tive um ataque de risos, pois foi realmente muito engraçado ver o maridão nesse papel!!!
 Feliz Natal!!!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Viver em Paris

Li recentemente em um livro que provavelmente um casal que almoça junto durante a semana... não é exatamente um casal "oficial"! Achei muito engraçado, pois é verdade que poucos casais têm a oportunidade de almoçar juntos (fora) durante a semana, mas tenho a sorte de, de vez em quando, podermos tirar folgas juntos, almoçar e passear como dois adolescentes matando aula!!!

Não posso reclamar de estar com alguém que adora sair, ver e descobrir coisas novas. Nesta última sexta-feira ele e eu só trabalhamos até às 11h30, então nos encontramos em Paris no metrô Bourse para almoçar em um restaurante estilo cantina japonesa que eu já tinha ido com uma amiga. Na saída do metrô nos deparamos com uma feirinha bem simpática. O que me chamou a atenção foi um stand que vendia botas, luvas e roupas em peles de ovelha... Mas o engraçado foi que o vendedor, estava vestido de um colete que era uma pele de ovelha inteira! Ou seja, ele parecia uma ovelha!!! (desculpem a falta de fotos e a baixa qualidade das poucas, mas estava sem bateria e tive que fotografar com o celular, que não é muito bom para fotos)

Caminhamos em direção ao restaurante, observando a arquitetura que é bem bonita, e uma senhora, parisiense moradora do bairro, nos pergunta se estamos procurando algum endereço e se ela pode nos ajudar. Na verdade não estávamos perdidos, mas dissemos o nome da rua onde iríamos e ela nos indicou de forma bem agradável (segunda vez essa semana que somos abordados por parisienses moradores locais nos oferecendo informações). Para quem acha que os franceses (e parisienses principalmente) são todos mal-humorados!.

O restaurante se chama Hokkaido e é simples e serve uma comida deliciosa, o tipo de refeição que os japoneses comem diariamente no Japão. Foi o que me disseram, pois ainda não tive oportunidade de conhecer o Japão. Mas não deixa de ser exótica para nós ocidentais. Sempre lotado, principalmente ao meio dia, onde o mesmo é pego de assalto pelos trabalhadores dos escritórios e domínio das finanças, muito presentes ali. A cozinha é aberta estilo americana e podemos ver os cozinheiros trabalhando!



Saímos e fomos dar uma voltinha na Bibliothèque Nationale de France, que fica a dois passos dali. Eh possível estudar e consultar gratuitamente documentos raros, além de visitar as exposições em curso (pagas). Atualmente uma das exposições é sobre a famosa Família Rothschild, que fez fortuna na Europa através do setor de Finanças. James de Rothschild chegou aos 19 anos na França, em 1811 e seu talento para os negócios e finanças foi logo reconhecido. Branqueiros de toda a Europa chegam à Paris e fazem dela uma cidade importante nesse setor, adquirindo igualmente seu lugar ao sol na revolução industrial. 

Em frente à Biblioteca (depende de qual "frente, estou falando da entrada principal atual, já que ela está em reformas) encontra-se a Galerie Vivianne, uma charmosa passagem coberta de Paris, muito na moda no século XIX (inaugurada em 1826).

Ao lado da Galerie (colado a ela) nos deparamos com um comércio um tanto curioso! Apesar de venderem alguns livros do lado de fora bem baratinhos, a especialidade são gravuras antigas!!! Como há tempos estamos procurando um mapa antigo do Brasil, resolvemos entrar.

Vou avisando que o proprietário é uma pessoa muito esquisita, para dizer o mínimo! Passamos muito tempo na loja e observamos muitas coisas esquisitas, a começar pela atitude dele com as pessoas! 

Mas ele nos mostrou duas gigantes pastas com dezenas e dezenas de gravuras antigas, porém nos disse que do Brasil é raro, pois além de existir poucas, o tema é muito procurado, principalmente por colecionadores brasileiros! Sem contar que custa um pouco caro, contar no mínimo uns 300€. Mas eu tinha uma idéia precisa do que eu queria, e desse estilo ele sótnha do Peru, não do Brasil. Aproveitamos para perguntar se ele tinha algo sobre moda e ele me apresentou mais duas pastas. Há alguns anos procuro essas gravuras antigas sobre o moda, quase comprei em Notting Hill, e fiquei ainda mais interessada ao assistir a exposição sobre a Moda e o Impressionismo. Foi difícil, mas fiz a minha escolha.


Estávamos sem espécie e a loja não aceita cartão. Sylvain foi retirar dinheiro e eu fiquei ali terminando de escolher. Confesso que só fiquei pois uma funcionária bem atenciosa tinha chegado, pois teria morrido de medo do dono! Não vou entrar em detalhes, mas vocês imaginam um filme que se passa em um casarão bem velho e abandonado, em que um dos habitantes é uma pessoa bem sombria? Pois é, chegou a me dar calafrios! Sem contar que ele é muito focado na sua paixão (essas gravuras), então não aconselho a ir quem vai só para xeretar mesmo, pois ele fareja se a pessoa é realmente interessada no assunto. E melhor saber um pouco o tema do que procuramos, pois são centenas e centenas de "pastas", então ele vai ir buscar uma pasta sobre um assunto específico.

Dali fomos à pé até o Opera Garnier (temos uma carta de transporte, mas não era longe e preferimos caminhar) onde precisei resolver um problema do trabalho. Dali fomos até o Forum les Halles (desta vez de metrô, já que é mais longe), uma espécie de Shopping Center subterrâneo do centrão de Paris. Não gosto muito de ficar ali fechada, mas o frequento muito devido ao cinema (são 22 salas), mas também por ser esse local bem central onde as principais linhas de metrô e de trem periferia passam. Compramos nossa entrada para assistir L'odysée de Pi (Life of Pi, no original), esse filme de Ang Lee que está dando o que falar, e aproveitamos para fazer umas comprinhas de Natal enquanto esperávamos a hora da sessão. 

Depois voltamos felizes da vida para casa, pois o mundo não tinha acabado e ainda poderíamos aproveitar tantos outros dias como esse nas nossas vidas!!! Em Paris ou qualquer outro lugar do mundo...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

(in)Justiças Sociais

O assunto que tem rolado em todos os meios de comunicações franceses é a partida do ator francês Gérard Depardieu para a Bélgica, uma atitude devido à elevada carga tributária na França.

Algo que me chateia na sociedade francesa é o quanto ser rico, talentoso, ter "vencido na vida" é considerado negativo. Ainda mais com o governo atual.

O ator sempre pagou impostos (na França) durante os seus 45 anos de carreira. Foram 145 milhões de euros, de acordo com o que ele divulgou. Sem contar as obras caritativas, doações. Uma parte da população e o governo vê a decisão dele como mesquinha, como se ele se recusasse a pagar impostos e ajudar o seu país. Mas eu faço parte do outro grupo que acredita que temos que pagar impostos SIM, mas não 75% do salário em impostos, como prevê a nova medida que foi colocada em prática pelo novo governo socialista.

Aqui na França se paga já muito imposto! Mas a maioria dos franceses nunca se queixam de pagar, pois se sentem "devedores ". Cada cheque ao fisco é visto como um reconhecimento à pátria-mãe. Pode ser que alguns não "gostem" de pagar, mas disso eles nunca falam, é tabu, é "feio". Bom cidadão paga direirinho sem nunca se revoltar.

Mas com 2 mil euros por mês somos vistos pelo partido socialista como "ricos" (o presidente mesmo falou isso durante a sua campanha, quando perguntaram quem seria rico para ele), quando com esse salário fica até difícil pagar um aluguel em Paris.

Mas para quem faz parte dos ricos de verdade, o imposto de renda sobre a 75%!!! Vocês acham mesmo justo trabalhar e ver no final do mês (ou do ano) "apenas" 25% da cor do dinheiro?

Sem contar que não é apenas imposto de renda que se paga:

- Quem mora de aluguel ou é proprietário tem que pagar a taxa de habitação (taxe d'habitation), que no meu caso esse ano foi de mais ou menos 1200€. Quanto mais caro o valor do imóvel e a renda, mais caro esse imposto. E com esse imposto vem uma taxa pelo uso da televisão (contribution à l'audiovisuel public), que esse ano foi de 125€. Mas me expliquem, se as emissoras de TV já ganham fortumas com as publicidades, ainda precisam tirar dinheiro do telespectador?

- Quem é proprietário, além dessa taxa acima, deve pagar uma segunda, a taxe foncière, que no meu caso também foi de cerca de 1300€ esse ano, mas que aumenta progressivamente de acordo com o valor do ou dos imóveis.

- E quem é rico, como Gérard Depardieu, além de pagar 75% de imposto de renda, uma fortuna de taxe d'habitation, de taxe foncière, também tem que pagar o ISF, que é o imposto sobre a fortuna! Esse imposto é calculado sobre o patrimônio e começa a partir de um patrimônio de 1,3 milhões de euros (o que diga-se de passagem mal dá para comprar um apartamento de 3 quartos em um bairro "correto" de Paris!!!)

Quem acha que sempre exagero, aqui vai um anúncio de um apartamento de 1 quarto... Você não leu mal, o preço para a compra é de 1 milhão e 180 mil euros. Sem contar que além desse valor, 7,50% devem ser pagos ao notário no momento da entrega da escritura!!!

E o assunto é controverso. Mas eu particularmente acho que se um estrangeiro tem o direito de chegar aqui em busca de condições melhores de vida, esse cidadão tem o direito igualmente de fixar residência em um outro país que oferece melhores condições. Ainda mais no caso da Europa, que abriu as suas fronteiras há anos e que qualquer europeu pode atravessá-la para comprar cigarro, combustível ou fazer compras no país vizinho que é mais barato, e pode mesmo circular e morar em qualquer país de faz parte da União Européia.

Todos os dias empresas francesas estão fechando suas fábricas na França para abrir em países como  Filipinas, Indonésia, China, Brasil (hello!), dentre outras localidades onde obterão maior lucro e nem por isso o governo ou a população as critica assim abertamente!

Na minha opinião o excesso de impostos desencoraja a trabalhar, economizar e investir. Para que trabalhar para ganhar mais se sem trabalhar o Estado oferece gratuitamente (ou quase) tudo o que a gente teria que financiar pelo nosso trabalho? Para que sair de casa cedo para trabalhar para ganhar mil euros por mês (salário mínimo francês líquido para 35h trabalhadas), se ficando em casa a pessoa tem um "salário" garantido todos os meses (RSA), ajudas com aluguel e tudo que você possa imaginar como ajudas financeiras, até mesmo férias financiadas pelo governo. Enquanto um mortal normal que trabalha, as vezes precisa abrir mão de férias, quem não trabalha tem férias financiadas pelo sistema... Aqui na França também não existe 13º salário previsto em lei (algumas empresas oferecem como benefício, mas restam raras), mas pessoas consideradas pobres recebem um bônus no Natal...

Na minha cidade, até Champagne oferecem às pessoas de baixa renda no final de ano... Tudo isso com o dinheiro do contribuinte... Eu preferiria que o dinheiro dos meus impostos fossem aplicados no que é de fato necessário... esse ano nem Champagne vou comprar, vou ficar no espumante mesmo (mais barato), mas o dinheiro dos meus impostos vai servir para pagar o Champagne dos outros...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Das coisas que me tiram do sério...

Existem muitas coisas que eu detesto na vida (teria uma para cada dia do ano, no mínimo!), mas uma delas é quando acham que devo "conhecer", manter relações ou ir falar com alguém simplesmente porque a pessoa é brasileira ou porque eu sou brasileira.

Não me entendam mal: adoro conhecer pessoas e adoro contato com brasileiros! Mas não é todo brasileiro que vai se tornar meu amigo de verdade e odeio é o tipo de apresentação: "eu te apresento Milena, que é brasileira..." Pois aí a conversa já fica meio que direcionada: falar sobre o Brasil!

E o pior é quando esse raciocínio vem do meu marido!!! Ele está sempre me "armando" dessas.
A última vez foi um vernissage para o qual fomos convidados. Desde que pode ele foi me apresentar a uma brasileira que ele conhece: "essa é minha esposa Milena, que também é brasileira. Ela é psicóloga, mas no Brasil trabalhava em RH e aqui na França ainda não conseguiu fazer as equivalências".

Será que precisava mesmo uma introdução dessas? O que resta para eu falar após tudo isso? E então, ao invés de falar sobre o assunto que EU QUERIA FALAR, que era sobre arte (lembrando que estávamos em um vernissage), ou o fato de estarmos no local que por quase 20 anos foi o atelier de Picasso e onde ele pintou sua obra maior, Guernica, o tema da conversa foi sobre o Brasil, minha adaptação na França, minha corrida pelas equivalências e minhas dificuldades... E ainda por cima não tenho vontade nenhuma de chamar a atenção sobre mim falando em uma outra língua, em um evento desses, onde os presentes são em sua maioria franceses de origem francesa. Prefiro me misturar à multidão e não me sobressair dela.

E ainda por cima perdi a paciência no segundo minuto da conversa. A pessoa me perguntou para que empresas eu tinha trabalhado no Brasil, quando falei que minha experiência principal tinha sido para o setor de informática (nem usei o termi TI, que pode ser complicado para alguns) e empresas como HP e Dell, ela disse que não conhecia, afinal tinha ido embora do Brasil há muitos anos. Hein? Desde quando essas empresas são recentes, e ainda mais brasileiras? Ainda tentei explicar que, dentre outras coisas, são empresas que produzem computadores e existem muitos computadores e artigos de informática dessa marca. tentei a pronúncia que usamos no Brasil e usada na França. Mas nenhuma reação do outro lado.

Depois ainda tive que aguentar as reações do marido, do tipo: "nunca mais te apresento ninguém, você é mesmo antissocial*"

* como ele, muita gente utiliza discriminadamente a palavra antissocial para descrever uma pessoa tímida, introvertidas ou reservadas, quieta-no-seu-canto e que não vai muito falar com os outros se as pessoas néao vêem falar com elas. Porém, fica aqui a informação: antissocial é um tipo de transtorno de personalidade, também conhecido como psicopatia ou sociopatia e o sentido é bem mais negativo, já que os "sintomas" são não respeitar regras da sociedade, não ter empatia e manifestar desrespeito e desprezo para com o bem-estar dos outros, manipular e prejudicar, sem remorsos. O objetivo não é uma explanação sobre o assunto, que exigiria uma abordagem e linguagem mais profissionais sobre o assunto, o que não vem ao caso nos objetivos do blog.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Blogagem Coletiva – 12 Posts Especiais de 2012

O ano de 2012 está chegando ao fim e é o momento de repensar nas coisas boas que aconteceram durante esses 12 últimos meses! As boas, claro, pois as ruins a gente esquece!

Esse post faz parte da idéia das meninas do blog Aprendiz de Viajante que sugeriram uma blogagem coletiva  fazendo uma retrospectiva dos 12 posts mais legais do ano. Não foi fácil escolher, já que foram 149 artigos publicados, sobre temas diversos envolvendo principalmente a Vida na França, Viagens e Cultura.

Quem costuma vir aqui com frequência deve ter se deparado com alguns dos selecionados, mas para os novos leitores ou os menos assíduos, é uma oportunidade de se inteirar sobre tudo o que eu quis comprartilhar com vocês esse ano!

1. Viver Plenamente Munique: eu que já sou apaixonada pela Alemanha, adorei essa cidade cheia de energia, diversão e cultura! Passei o reveillon por lá, o que rendeu vários posts.

2. London: in the snow: todo ano é sagrado, temos que dar uma escapadinha em Londres, onde tem sempre tanta coisa acontecendo. Então fevereiro foi a época que escolhemos para curtir a cidade... abaixo de neve!!!

3. As mais belas pontes de São Petersburgo: Em março não estava fazendo frio suficiente em Paris e decidimos curtir o fim do inverno em São Petersburgo. Surreal!!!

4. Château de Fontainebleau: em abril os dias ensolarados geralmente voltam à Europa e fui à descoberta de mais uma moradia real, não muito longe, na própria região parisiense.

5. Primeiros passos em Viena: como não se encantar com a cidade de Viena? Ela sente e respira música. Em cada canto uma nota, uma poesia, uma história.

6. Um final de semana romântico em Bourges: nada melhor do que fugir de vez em quando da correria da cidade grande e descobrir mais um pouco do patrimônio histórico e arquitetural francês.

7. Paris vista através do Rio Sena. Julho foi um mês em que estive a maior parte do tempo fora, realizando uma grande e inesquecível viagem, mas tive tempo de navegar mais uma vez sobre o Rio Sena e contar um pouco da minha experiência!

8. Visitar a Grande Muralha da China!!! De retorno da China, óbvio que tive que compartilhar com vocês um dos meus sonhos, que enfim consegui realizar. 

9. Um dos mais belos vilarejos da França: e que tal fugir dos destinos mais turísticos? A França conta com uma  quande quantitade de pequenos lugarejos fantásticos.

10. Os impressionantes guerreiros de Terracota: o tempo foi passando, mas ainda assim me emocionei ao escrever sobre essa visita fascinante.

11. Um pouco de Madri. Novembro para mim é um dos meses mais trsites e cinzas na Europa, mas tentei quebrar essa monotonia indo passear em Madri!

12. Auvers-sur-Oise: em busca de Van Gogh. E dezembro ainda não terminou, mas já no comecinho conheci a simpática cidadezinha de Auvers-sur-Oise, o último refúgio de Van Gogh. 

Foram tantos posts legais de escrever e de viver (pois antes de escrever, eu vivo), mas se eu tivesse que escolher o que mais gostei de escrever, acredito que foi aquele sobre a China e a Moda. Não sei explicar exatamente a razão, vai ver foi meu mado mulherzinha que falou mais forte! Sem mais explicações mirabolantes!

Ainda pretendo postar por aqui em 2012, então espero vê-los antes da virada!!!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Questão de pontos de vista

Hoje cheguei na academia e uma mulher estava comentando com outra que não foi malhar ontem pois seu filho, que mora na China, tinha chegado de viagem. Uma outra interrompe a conversa para perguntar onde ele morava. Em Shanghai. E ela diz:
- Meus filhos gêmeos foram visitar um amigo expatriado em Shanghai e odiaram a China! Os chineses são de uma vulgaridade!!!
- Sim, sim, são muito vulgares! Meus filhos são loiros de olhos claros e eram apontados nas ruas, todos queriam fotografá-los! Sem contar que os chineses cospem nas ruas!!!
- Mas é necessario conhecer a cultura e entender o contexto.
- Não me interesso por essa cultura e não quero colocar os meus pés lá!

Essa mulher que não amava a China (e que tem todo o direito!!!) continuou largando o seu veneno, enquanto a outra passou a ignorá-la completamente e continuou a conversa com a amiga do início. Ainda ouvi que seu filho vem à França 4 vezes por ano e a cada vez ele diz que não troca a China por nada, que adora o povo, que é acolhedor e sorridente. Ela esteve várias vezes na China ao longo desses ultimos anos e também comentou o quanto ela gosta de observar as pessoas dançando à noite nas praças ou praticando Qi Kong pela manhã.

Durante todo o tempo fiquei me coçando e quis entrar na conversa, mas fiquei só escutando. O objetivo não é falar da China, mas exemplificar o que para mim é muito importante: viajar exige uma grande abertura de espírito. Ainda mais se for para visitar locais com costumes e culturas tão diversificadas!!!

Por isso sempre aconselho uma boa preparação antes da viagem, através de leituras (livros, guias de turismo, blogs, etc) e conversas com pessoas que moram ou estiveram lá, para termos uma idéia de que terreno estaremos pisando. Evita muitos mal-entendidos!

Meu marido recebeu uma colega em formação, e quando ele disse que era casado com uma brasileira, ela disse que teve uma relação de 3 anos com um brasileiro, que esteve no Brasil e odiou as pessoas! Ele, muito surpreso, tentou descobrir a razão, já que a imagem que se tem é dos brasileiros como um povo muito agradável! Mas para ela, os brasileiros eram MUITO sorridentes, MUITO simpáticos e tentando agradar, que na cabeça dela era tudo falso!!! Ela achava que não era normal que brasileiros que ela via pela primeira vez já a abraçassem demoradamente, dissessem "você é linda", e "a casa é sua" (ela fala português)

E sobre os chineses, realmente viajei pensando que encontraria pessoas cuspindo para todos os lados, mas para a minha surpresa eram poucos que faziam isso, geralmente pessoas que víamos que não eram "da cidade", mas de origem camponesa. São hábitos que aos poucos vão se perdendo. E por falar nisso, aqui na França vejo muitos estrangeiros (não chineses) de origem mais humilde fazendo isso, sem contar que também vi esse mesmo comportamente em todas as cidades brasileiras que tive a oportunidade de visitar a trabalho, estudo ou lazer. Quem nunca viu e acha que é um comportamento exclusivo dos nossos amigos asiáticos, provavelmente nunca saiu da sua bolha!!!

#pronto#falei#

Mas como eu disse, são pontos de vistas diferentes. Uma mesma experiência pode ser vivida e sentida de formas diferentes para cada um dos envolvidos. Enquanto os tais dois loirinhos se sentiam muito mal com os olhares e holofotes sobre eles, nós levamos tudo numa boa e jogamos o jogo, sorrindo, fotografando, trocando palavras ou gestos. 


E posso dizer que aprendi muito com essa experiência, que foi uma das mais enriquecedoras da minha vida.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Museu Oscar Niemeyer em Curitiba

O falecimento de Oscar Niemeyer não passou despercebido aqui na França, terra onde ele foi e é muito admirado e respeitado. Vale lembrar também que ele foi exilado político aqui nos anos 70. 
Algumas palavras que os jornais têm escrito sobre ele: "estrela da arquitetura", "lirismo e sensualidade de seus prédios de concreto". Só elogios.

Brasília, a cidade moderna que foi erguida a partir do nada e "no nada" nos anos 50 também suscita a curiosidade dos franceses e europeus com um pouco mais de cultura e conhecimentos do Brasil que vão além da "pobreza-favelas-criminalidade". 

Não podemos ignorar o fato que ele deixa mais de 600 obras espalhadas pelo mundo, um feito que não é por qualquer um!!!

E a minha homenagem a esse gênio da arquitetura moderna fica por conta do museu que visitei em 2009 em Curitiba: imponente e futurista.

 O museu abre às 10horas, e não à meia noite, como deixa a entender a placa!
Túnel que nos dá uma impressão de estar fora da realidade tangível. 
Uma pena que o local seja tão pouco visitado (na época, espero que agora seja mais frequentado!)

Dei uma olhadinha no site e diversas exposições interessantes estão em cartaz atualmente, e a entrada é bem baratinha: somente 4 reais (2reais a meia-entrada)
Pessoal, vamos prestigiar a cultura do nosso país também!!! Quem for a Curitiba, não perca! E se motivos falta, a cidade é realmente linda!!!

Site do Museu Oscar Niemeyer: http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/exposicoes

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Impressionismo e a Moda*

(*do francês "L'impressionnisme et la Mode")

A semana que passou foi bem corrida e aproveitamos para fazer uma maratona de exposições que estavam na nossa lista e que terminam em janeiro. Como dezembro é um mês muito corrido para mim (e imagino que para todo mundo), resolvi não deixar para a última hora...

Uma delas foi sobre o Impressionismo e a Moda, no Museu d'Orsay, em Paris.

Pode parecer um assunto de mulher, mas não é. Ou é, mas muitos homens se interessaram pela assunto. Os artistas impressionistas muito retrataram a moda de seu tempo, um legado inestimável sobre os usos e costumes da época. Vale lembrar que o início do movimento impressionista concidiu com toda uma torbulência em Paris, já que a cidade estava sendo completamente remodelada em uma Paris "moderna", imaginada por Napoleão III e o prefeito Haussman. Nesse tipo de pintura, além das paisagens, muito se pintou personagens (principalmente mulheres), na cidade ou no campo, na sua vida quotidiana ou em festas. Fica fácil entender porque as parisienses são sinônimo de elegância e moda pelo mundo afora!!!

A coleção apresentada conta com obras de Monet, Manet, Renoir, Cézanne, Corot, Berthe Morisot (sim, uma mulher!), dentre outros. 

A gente acha que é difícil andar na moda hoje em dia, mas basta entender um pouquinho os costumes da época para percebermos o quanto era difícil ser mulher e de boa sociedade naquela época, pois era necessário mudar de roupa várias vezes por dia, começando por um peignoir pela manhã, passando logo após a um vestido de manhã. O vestido da tarde tinha que ser mais elegante, mas menos que o vestido de noite, cuja elegância e modelos variavam de acordo com a ocasião (jantar, baile, opéra, etc). Braços nus e decotes só eram possíveis em ocasiões de gala, e sair de casa sem chapéu, luvas e sombinha, nem pensar!!! Ah, e para as escapadas em meio à na natureza, o vestido tinha que ser específico para a ocasião!

  Manet à esquerda com a sua Femme au Perroquet (1866) e à esquerda Prospérie (Perie), pintada por seu marido Albert Bartholomé (quase desconhecido como pintor). 

Gostei muito das pinturas de James Tissot, esse francês que viveu metade de sua vida na Inglaterra, e suas pinturas são bem diferentes das que eram feitas na França na mesma época, com um toque bem inglês!!!


James Tissot gostava tanto desse vestido branco (que fazia parte da sua coleção) que pintou diversas modelos com o mesmo!!!

Outra particularidade da exposição são os vestidos e demais objetos de moda que são expostos para ilustrar a moda que foi retratada pelos impressionistas. Inclusive o vestido com o qual posou Prospérie para a tela mais acima está presente! Esse lado bem colorido e lúdico agradou algumas amigas que geralmente não gostam muito de museus pois acham chatos.

Sem contar a importância dos catálogos de moda que eram enviados aos milhares para as casas das possíveis clientes, na França ou no exterior. Um grande evento ocorreu em 1884 com a abertura das lojas Printemps. Muito mais fácil acompanhar as tendências!



Informações Práticas:

L'impressionnisme et la Mode
no Musée d'Orsay, até o dia 20 de janeiro de 2013.
Ingressos: 12€ (9,50e a tarifa reduzida). Gratuito para os menores de 18 anos e para todos no primeiro domingo do mês (no caso, 6 de janeiro).

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Auvers-sur-Oise: em busca de Van Gogh

Essa simpática cidadezinha perto de Paris ficou imortalizada pelos pintores paisagistas e sobretudo os impressionistas que por ali passaram no final do séclo XIX. 

Porém o morador mais ilustre foi Vincent Van Gogh, que pintou ali cerca de 70 telas nos últimos 70 dias de sua vida. 

Após sua hospitalização psiquiátrica que durou um ano e durante a qual ele teve três crises importantes, Van Gogh foi morar em Auvers-sur-Oise para estar próximo do Dr. Gachet, que além de médico é colecionador de obras de arte e ele mesmo pintor amador.

 Albergue onde Van Gogh alugou um quarto e viveu suas últimas semanas. Ele comia praticamente todos os dias no restaurante, que é aberto até hoje. 
Também é possível visitar o quarto do artista, mas atenção aos horários.

Ele pintou vários retratos da filha do dono o albergue, Adelina Ravoux.

 O artista representado pelo escultor Zadkine (cujo atelier pode ser visitado em Paris).

 Acima a paisagem, abaixo à tela que foi inspirada por ela.



 A Igreja da cidade possui uma atmosfera incrível, como se o tempo tivesse parado por lá. A alma do artista parecia tão presente que cheguei a ficar arrepiada, como se fosse encontrá-lo a qualquer momento.
 A escadarias da igreja são consideradas patrimônico histórico.
E essa era a forma como Van Gogh representou essa igreja. Uma imagem famosa no mundo inteiro e que fascina pelas suas cores, pinceladas e deformação.

 Na parte mais alta da cidade ficam os campos (perto de onde ele atirou uma bala em si mesmo), não tenho fotos pois nessa época do ano escurece muito cedo. Ali Van Gogh pintou essa paisagem de chuva.

Mas ainda conseguimos chegar ao cemitério onde ele repousa em companhia de seu irmão Théo, de quem era muito próximo. 

Tanto talento, tanta força criadora e uma vida tão conturbada que terminou de forma tão trágica e triste.

Para quem aprecia o artista e/ou sua obra, a visita de Auvers-sur-Oise  é cheia de magia e nostalgia. Um ponto de encontro COM o artista. Mas os pontos de encontro com A OBRA do artista são sem dúvida principalmente o Museu Van Gogh em Amsterdam e o Museu d'Orsay, em Paris.

Interessado na vida de outros artistas? Não perca:

- A casa de jardins de Claude Monet, em Ginerny
- Atelier de Paul Cézanne, em Aix-en-Provence
- Atelier e casa de Gustave Moreau, em Paris
- Casa do escritor Victor Hugo, em Paris
- Casa de Freud, em Viena
- Casa de Charles Dickens, em Londres

Informações práticas:
- De abril a outubro existe trem direto de Paris até Auvers-sur-Oise, mas no restante do ano, é necessário fazer uma troca de trem. Apesar de barato, o trajeto pode ser longo, apesar de não ser longe de Paris, pois os trens são lentos.