sexta-feira, 28 de março de 2014

Volubilis: ruínas romanas no Marrocos


Após todas as cores, o barulho e os aromas de Marrakech, mudamos completamente de cenário e fomos em direção à Volubilis, as ruínas romanas mais importantes do Marrocos:


 Para algumas pessoas são apenas velhas pedras (e até fiz inimigos mortais durante a viagem por isso), mas aí é que entra a diferença da história e da imaginação: saber que há muito tempo atrás Volubilis foi uma cidade próspera e animada, e utilizar a cabeça para se transportar a esse tempo.


Calígula teria ido a Volubilis diversas vezes. Por volta do século III da nossa era, a pressão das tribos berberes sobre os romanos seria uma das causas do declínio da cidade, que contava com 20 mil habitantes. Após a fundação da cidade de Fez, Volubilis foi completamente abandonada.

 
  Podemos observar seu Arco do Triunfo de Caracalla, seus banhos romanos, a basílica, o capitólio... 



E sua rua principal rodeada de "villas" ainda decoradas de preciosos mosaicos. 



A cidade tirava a sua riqueza das oliveiras, e foram identificadas mais de 35 pontos de produção de óleo de oliva.

Em 1755, um grande terremoto conhecido pelo nome de "Terremoto de Lisboa" também destruiu os prédios de Volubilis que insistiam em permanecer em pé, apesar dos séculos. Foi somente no século XVIII que o sítio arqueológico foi redescoberto e começou a ser investigado por arqueólogos franceses.

Hoje as cegonhas tomaram conta do local.

Pertinho de Volubilis fica o Vilarejo Santo de Moulay Idriss, construída sobre 2 montes rochosos. Um alto lugar de peregrinação para os muçulmanos, já que está enterrado ali "moulay Idriss", fundador da cidade de Fez. Os muçulmanos mais modestos fazem a sua peregrinação a esse vilarejo, pois para ir a Meca é muito caro e existem cotas anuais por país (não é qualquer um que pode ir). 
Minha opinião: a cidade é mais interessante vista de longe, e já que a tumba de moulay Idriss (principal "atração") não pode ser visitada por não-muçulmanos, ficamos sem ter muito o que fazer. Além disso, infelizmente temos que tomar muito cuidado com os batedores de carteira, que ficam à espreita dos turistas.

Informações práticas: 
Volubilis fica a 31km da cidade imperial de Meknes. De lá, as opções de transporte são taxis ou ônibus de turismo

sexta-feira, 21 de março de 2014

Música francesa: nova geração

Se adoro os clássicos franceses e alguns cantores que aqui na França são meio fora de moda, também gosto da nova geração de artistas. 

Ycare é francês de coração, nascido no Senegal e de origem libanesa. Adorei as brincadeiras com as palavras! Pourvu que tu viennes:


Coeur de Pirate é uma famosa cantora canadense (tenho que prestar muita atenção para entender o que ela canta) e nesse duo com o francês Julien Doré (ele é bem irreverente no seu trabalho solo) a música ficou linda! Coeur de Pirate & Julien Doré - Pour un infidèle:


Joyce Jonathan - Ça Ira
Essa música tem mais de 6 milhões de visualizações no youtube, o que não é nada mal para uma música francesa, mas ela tem outras músicas bem bonitinhas!


O belga Stromaé é um grande sucesso aqui na França, um verdadeiro fenômeno. No início eu não entendi o que as pessoas viam nele e nas suas músicas, que muitas vezes trazem uma melancolia profunda, falam da ausência do pai, do cancer, etc. Mas ele traz uma imagem muito forte, uma personalidade que não podemos ignorar. Alto, magro, de pai rwandês e de olhos verdes, seu estilo é particular até na sua forma de se vestir.
Não sou 100% fã, mas suas músicas falam de uma realidade bem crua. Seu primeiro sucesso foi "Alors on dance" (então a gente dança), que fala dos problemas da vida, estar submergido pelos mesmos, que quando a gente pensa que os problemas vão terminar, aparece mais ainda...

Stromae - Alors on danse 

Ou quando ele diz que "todo mundo sabe como são feitos os bebês, mas ninguém sabe como 'fazer um pai'" na sua música que pergunta "papai, onde você está?"
Stromae - Papaoutai

Christophe Willem - Si Mes Larmes Tombent
Sucesso há alguns anos, seu lado "diferente" também agradou. Seu primeiro sucesso foi "Double Jeu" (que eu adoro!) mas "Si mes larmes tombent" fala de solidão, de incompreensão, quem pode olhar sem julgar? Ele faz pouco caso de quem estende a mão e volta atrás... e não entende nada...

Florent Mothe - Les Blessures Qui Ne Se Voient Pas
Ele fez muito sucesso na comédia musical francesa Mozart Opera Rock no papel do vilão... Além de bonitão, ele canta muito bem.


Alexis HK : Je reviendrai
Mais velhinho no grupo, do Alexis HK adorei essa música, que fala de viagens (por que será?) e que após tantas voltas pelo mundo, um dia ele vai voltar...


Léna Luce - Rambuteau
Uma cantora francesa ainda com ares modestos, que foi descoberta cantando no metrô. Ela tem outras músicas de sucesso, mas gosto muito dessa, no seu vídeo "original" amador. Cada uma de suas músicas tem como tema uma estação de metrô de Paris.


Já conhecia? Gostou?
Qual delas você escutaria?

domingo, 16 de março de 2014

Primavera antecipada em Paris?

Desde a semana passada as temperaturas aumentaram bastante por aqui e batem recordes para essa época do ano. Se em 2013 o inverno não queria ir embora de jeito nenhum, esse ano praticamente não tivemos inverno rigoroso.

E quando a meteorologia anuncia que o dia será ensolarado e com temperaturas agradáveis, todo mundo vai para a rua. Foi o que aconteceu no final de semana passado:


Após a festinha de aniversário do sábado, eu queria mesmo era passar o domingo quietinha, mas até parece pecado ficar em casa quando o tão esperado amigo Rei Sol está brilhando lá fora e não precisamos de casacão.

Não fizemos nada muito elaborado, apenas um passeio pelas margens do Rio Sena, proximo à Catedral Notre-Dame, um dos meus locais favoritos na cidade. Nunca me canso de passar por ali.



A única coisa que me deixa triste são esses cadeados dos infernos que estão tomando conta de muitas cidade européias. Quer saber? Acho A MAIOR FALTA DE RESPEITO COM O PATRIMÔNIO HISTORICO E ARQUITETÔNICO. Pronto, falei!
As pessoas chegam ali como ovelhinhas (hoje estou com a língua afiada) e querem provar/eternizar o seu amor, já que está cheio de cadeados, todo mundo fazendo, "por quê não eu"?  Mas será que não tem uma forma melhor sem estragar a casa/patrimônio dos outros?
Os vendedores ambulantes estão ali para vender (e até fotografar o turista), e quem compra o cadeado ainda está incentivando esse tipo de comércio ilegal. E ainda por cima, ninguém pensa que pode não ser bom para o Rio Sena aqueles milhares de cadeados que são diariamente jogados nas suas águas?
Gostaria de saber a porcentagem daqueles casais que colocam cadeados que continuam juntos!

(Pense bem antes de fazer uma coisa dessas!)

Dali fomos ao Jardin du Luxembourg, um dos jardins mais bonitos de Paris, mas desta vez a procura de uma moradora ilustre que pouca gente sabe que reside ali:



Existem 4 exemplares da estátua em Paris. Vocês provavelmente sabem que a Estátua da Liberdade ("a liberdade iluminando o mundo") em tamanho gigante que é cartão postal de Nova Iorque foi um presente da França aos EUA e a sua realização foi acordada ao artista francês Auguste Bartholdi. Para chegar ao seu tamanho XXL, o escultor trabalhou inicialmente em tamanho pequeno. Essa do Jardin du Luxembourg fica na parte menos turística dos jardins, mais frequentada por moradores do bairro, por isso muita gente passa e não vê. Uma outra estátua pode ser vista perto da Torre Eiffel (a maior e mais conhecida de Paris), uma terceira no Museu des Arts et Métiers (as vezes nos jardins, às vezes dentro do museu) e uma quarta (presente dos EUA à França) no Museu d'Orsay.
Acima a parte mais turística dos jardins e abaixo a parte que é mais ocupada pelos locais.

P.S.1: Apesar do calorzinho, cedo pela manhã e à noite as temperaturas baixam nessa época do ano. Melhor não sair sem um casaco e uma "écharpe" para proteger o pescoço!
P.S.2: Essa onda de calor e ausência de ventos ocasionou, segundo os especialistas, um grave pico de poluição na cidade. As autoridades colocaram em vigor diversas medidas de urgência para tentar melhorar a situação. Apesar das imagens horríveis que estão nos mostrando na TV e jornais, não percebi nenhuma diferença no ar que respiramos todos os dias, mas é bom mesmo que eles façam alguma coisa antes que não dê para fazer mais nada. Dê prioridade às pernas para se visitar a cidade, bicicleta e transportes públicos. Evite de se locomover em veículo próprio, alugado ou táxis se o número de passageiros for inferior a 3. Pense no meio ambiente, no bem-estar de TODOS ao invés do seu conforto individual em detrimento dos outros.

domingo, 9 de março de 2014

Mais um ano!

No ano passado comemorei de verdade pela primeira vez meu aniversário aqui na França. O sucesso foi tanto que decidi repetir a dose. Pena que pedi ao marido uma foto do buffet mas ele achou que não tinha importância nenhuma fotografar o todo, com os pratos. Ele só fotografou antes de eu começar a colocar as coisas, e com o foco do desenho dele.
Sou péssima em decoração e ele resolveu aproveitar o tema do Marrocos e inspirar-se em um Oásis. 

Obvio que ele fotografou igualmente todas as estapas do bolo que ele fez para mim, pois aqui em casa em faço os salgados, mas é ele o doceiro!
No início não quis fazer nada, andava meio chateada pois quem convive com brasileiros no exterior sabe que as pessoas se mudam facilmente e tinha gente que tinha ido para a Alemanha, outros para o sul da França, outro casal que vai se mudar em alguns meses... Ou a gente se adapta, ou sofre pra valer.

Mas pior do que isso foi a experiência desse ano que me deixou muito chateada: convidados que tinham confirmado e que desmarcaram na última hora, no dia mesmo, vocês acreditam nisso? Olha, de onde eu venho isso é a maior falta de respeito! A gente se prepara, compra as coisas, escolhe convidar essa pessoa em detrimento de outras já que os apartamentos daqui têm capacidade limitada, e essas pessoas sem noção enviam um sms dizendo "não vou poder ir, feliz aniversário, a gente marca alguma coisa um dia desses". Eu que acordei com o pé esquerdo e aos 34 anos já me sinto no direito de dizer o que eu penso e penso que com esse tipo de pessoa não tenho que ter "medo" de "perder o amigo".

Ou a pessoa que você convida por SMS, mensagem de voz, facebook, pombo correio e sinal de fumaça (ok, exagerei) e não se digna a responder nem por um sim nem por um não, mas que sempre aparece quando precisa de um favor... Alguém mais tem um "amigo" desses?

Mas nada supera a alegria de ver os convidados chegando, se divertindo, alguns se encontrando pela primeira vez e encontrando pontos em comum... Pois é, fico tão contente de ver meus amigos se dando bem entre eles! E ao final, todo mundo (aparentemente) satisfeito e se referindo a "no ano que vem tem mais,  na mesma hora e mesmo local?", minha tristeza pelos falsos amigos já completamente desapareceu e só quero agradar os que são verdadeiros!

quarta-feira, 5 de março de 2014

As faces de Marrakech

Vontei recentemente do Marrocos onde pude apreciar a diversidade e as riquezas desse país ainda pouco conhecido pelos brasileiros. Mas vamos começar pela cidade mais visitada pelos nossos conterrâneos, que certamente não nos deixou indiferentes!!!
 A cidade é toda dessa cor, pois durante meses e meses o sol brilha tão forte, que cores mais claras ou mais escuras prejudicariam a visão.

Marrakech é uma das cidades que faz sonhar os viajantes do mundo inteiro, fazendo dela quase uma Meca do turismo. Impossível não se sentir tocado pelas cores e odores!


Não era para menos, sendo a segunda cidade imperial do Marrocos, a meio caminho do oceano Atlântico e das primeiras dunas de areia do deserto do Sahara (que nos lembram que o deserto não está muito longe). Fundada em 1062, é uma das maiores testemunhas da riqueza cultural e histórica do país.



A "mão de Fátima" está em todos os lugares



As principais atrações ficam na Medina (a parte antiga das cidades árabes, dentro das fortificações). Se o centro histórico das cidades européias se desenvolvem ao redor de uma Igreja, nos países muçulmanos é ao redor de uma Mesquita. São diversas as portas para ingressar na "Medina":


Koutoubia (a Mesquita dos Livreiros, devido à feira de livros que ocorria na época da sua construção), com 77 metros de altura serve como "farol" para os turistas não se perderem. Edificada no século XII pela dinastia Berbère que reinava na época, serviu de modelo para a Giralda de Sevilha. Seu nome significa em árabe "manuscritos". Infelizmente seu interior não pode ser visitado por não muçulmanos, uma lei da época do protetorado francês.

As "laranjeiras" que vemos por toda a cidade na verdade é uma outra variedade (bigaradier) que para nós seria a laranja amarga (que no Brasil usamos somente para doces), um agrume muito utilizado em perfumes. As autoridades preferem plantar essa laranja amarga para que os passantes (moradores ou turistas) deixem as "laranjas" no pé, pois se fossem boas para o consumo não sobraria nenhuma!

A famosa Praça Jemaa El Fna não chegou a me impressionar muito. Do ponto de vista arquitetônico não "tem nada", mas sim um ambiente eufórico e muita animação. A grande atração é realmente a multidão, os stands com muita comida local que por volta das 17h começam a ser instalados e seu imenso mercado: ruelas cheia de cores, onde se negocia de tudo a todos os preços.

Encantadores de serpentes. Cuidado!

Souks (ou o mercado/feira) tem para todos os lados, sendo os marroquinos verdadeiros comerciantes. Nessas feiras se vende de tudo, são bem coloridos e barulhentos. Se muitas pessoas comparam com a "25 de março", para mim não tem nada a ver, pois muitos artesãos ali trabalham, fabricando seus produtos (mesmo se temos que tomar cuidado pois existe muita "falsificação").







O Marrocos é um grande produtor e consumidor de azeitonas. 



Mulheres extraindo o óleo de argan (maroccan oil), que só é cultivado no Marrocos

Incrível como no meio de toda essa desordem, a calma das casas com seus pátios internos (riad), com suas fontes forma um verdadeiro contraste, e faz parte do verdadeiro coração da cidade.

Visitamos o Palácio El Bahia, construído no final do século XIX. Um verdadeiro "riad", com seu pátio interno, sua fonte, seus corredores, escadas e portas. O antigo proprietário (um grande "Vizir") tinha 4 esposas e um harém com diversas concumbinas (onde só entravam eunucos e servidores cegos). Também visitamos o museu Dar el Bacha (acima) que vale a pena não pela sua coleção (bem pobrezinho), mas pelo magnífico palácio que foi inteiramente restaurado.

De uma forma geral o país é seguro para se viajar, mas os turistas mais ingênuos podem ser enganados ou roubados em cidades como Casablanca, Fez ou Marrakech (menos). Nas cidades pequenas e ainda mais no sul, a criminalidade é zero, e um crime ou vilência contra crianças, idosos e mulheres é quase inexistente, pois o criminosos sabem bem o que lhes esperam.
Para os GLS, desde 2010 existe mesmo um jornal gay marroquino, uma novidade no mundo árabe!!!