quinta-feira, 30 de abril de 2015

Dificuldades em francês

Todos dizem que aprendi o francês relativamente rápido e em poucos meses conseguia participar de conversas tranquilamente, mesmo se no início a cabeça parece que vai explodir após um jantar ou festa em que todo mundo ao redor fala francês.

Porém, hoje, quase 7 anos depois ainda tem coisas com as quais encontro dificuldades:

- Academia:
A mistura música + coordenação motora + seguir ordens dadas em francês dão um nó na minha cabeça.
Nunca fui rata de academia (talvez por isso), mas as palavrinhas mágicas em francês (ou em inglês com o sotaque francês, o que é ainda pior) não entram.
Fico ali concentrada no exercício quando vejo que o professor já mudou e eu nem ouvi.

- Cabelereiro: 
No meio do barulho de secador, conversa e fundo musical eu quase não entendo nada do que as pessoas falam, só ouço um burburinho. Também como não sou muito ligada nessa área, não conheço direito os termos corretos para explicar o que eu quero.
Pior ainda quando estão lavando o meu cabelo, com a água no ouvido e o barulho da água, a moça tenta conversar comigo mas não consigo me concentrar no que ela diz. Fico dizendo: "hein? desculpa, pode repetir?". Acho que ficam achando que sou meio retardada, ou no mínimo, lentinha!!!

- Dentista:
Além de ter que explicar o que se sente (em francês), me falta o conhecimento dos nomes dos procedimentos.
Eu que nunca gostei de ir ao dentista, ficou pior aqui, pois o dentista me explica mas eu não entendo direito. Ele diz "vamos tratar esse dente", mas tratar como? Ele até me explica, mas quem diz que eu conheço a linguagem dos dentistas?
Felizmente encontrei um dentista que julgo bom (no inicio eu não perguntava nada e ele não me explicava nada, mas atualmente ele me explica melhor o que vai fazer e eu me sinto mais tranquila), então o jeito é confiar.
Só que ainda morro de medo de chegar um dia com uma dor de dente e sair do consultório sem dente!!!

- Médico: 
Nada fácil explicar alguns sintomas em francês! Se alguns são básicos, tudo que foge da rotina não é fácil de descrever.
Algumas coisas nem em português eu conheço (como a diferença entre dor de cabeça e enxaqueca), então se ele me pergunta se sinto um "mal à la tête" ou "une migraine", qum diz que eu sei?
Como uma vez, quando o médico me disse que eu tinha uma "angine" e fiquei pensando como era possível ele saber que eu tinha um problema de coração examinando a minha garganta? Pois para mim vinha de "angina", que eu conheço como problema de coração.

Felizmente por enquanto nunca tive problemas graves, mas também tenho muita dificuldade em aprender os nomes dos medicamentos e principios ativos dos mesmos e acabo deixando a organização da nossa farmácia e kit de primeiros socorros ao meu marido.

E você, quando aprendeu outra lingua, em que ocasiões mais tinha dificuldades?
Deixe seu comentario!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Château de Breteuil


A cada primavera recomeçam as visitas de castelos e outros patrimônios, sem falar dos jardins, é claro.
Na semana passada fomos visitar o castelo d'Ecouen e ontem aproveitamos par sair mais uma vez de Paris. desta vez fomos  até o final da linha do rer B (Saint-Rémy-lès-Cheveuse, cerca de 1h saindo da Gare du Nord) para conhecer melhor essa localidade por onde passamos rapidamente quando fomos visitar alguns amigos, anos atras.

Nossa primeira parada foi o Château de Breteuil, um castelo propriedade particular que sempre pertenceu à mesma familia (a familia Breteuil). 


A visita mistura 4 séculos de historia da França através de sua arquitetura do século XVII, suas peças inteiramente mobiliadas segundo às épocas e 50 personagens de cera realizados pelo museu Grévin. 

A familia Breteuil se destaca em politica desde o reino de Luis XIV. 
Mais tarde, porém antes da Revolução Francesa (1789) um outro descendente Breteuil foi ministro de Louis XVI e defendeu a familia real até o final. Um episodio importante foi a "historia do colar" da rainha Maria-Antonieta. Trata-se de um colar de 650 pedras de diamante encomendado em nome da rainha (os diamantes foram vendidos em peças separadas, um dos maiores escândalos da época). A França jah estava endividada, a rainha impopular e mesmo se com a ajuda de Breteuil conseguiu-se provar a inocência da rainha e os culpados foram descobertos, certamente esse episodio colaborou com a revolução do povo, e a morte do rei e da rainha. O povo jah não aguentava mais.
Nessa cena, Maria Antonieta estão vestidos segundo a moda da época. Para ela um vestido que pesava 12 quilos e que poderia atingir 5 a 6 metros em ocasiões especiais. Para ele, calças "curtas" (culotte, um simbolo da monarquia da época e que desapareceu com a Revolução), peruca e salto (vermelho). Muita renda igualmente para os homens.

Uma famosa réplica do colar, que pesaria 4 quilos!
Cerca de 35 anos depois, vejam como tudo mudou! Os homens jah usam calças compridas
(sentado Luis XVIII na sua cadeira de rodas).

Você jah ouviu falar de Grabrielle Emilie de Breteuil, ou a marquesa du Chatelet? Provavelmente não, mas foi uma das primeiras mulheres de Ciências da historia. Comprrendendo perfeitamente as idéias de Isaac Nexton, ela traduziu seus "Principios Matematicos" de um latim dificil para o francês, permitindo um melhor acesso aos cientistas da época. Até hoje a sua tradução é utilizada.

A familia também manteve relações estreitas com o Principe de Gales (rei Eduardo VII), a familia Churchill...
Os homens se reuniam au "fumoir" (para fumar), enquando as mulheres iam ao "boudoir". Engraçado, pois "bouder" em francês atualmente é muito utilizado para se referir as crianças, quando elas se fecham (brabinhas) e não querem mais falar. Mas uma atitude também muito comum das mulheres... 

Porém o castelo é um grande amigo das familias e das crianças: o gato de botas é um personagem de honra assim como outros contos de Charles Perrault, que manteve estreitas relações com a familia Breteuil.


Gato de Botas
 Barba Azul
Chapeuzinho Vermelho

Curiosidades:

Muita gente acha as camas antigas "curtas", mas sempre que visito um castelo os guias explicam que as camas têm exatamente o mesmo tamanho das camas atuais, porém que trata se uma ilusão de otica. Vale lembrar também que as pessoas eram mais baixas até não muito tempo atras, mesmo se habiam algumas exceções: o rei François I media mais de 1,95m, Luis XVI* mais de 1,90m. Também existe uma lenda (em nada comprovada) de que na Idade Média se dormia sentado, mas isso seria na Idade Média, ou seja, muitos séculos antes.


Esquecemos facilmente que a agua corrente não existia na época (mesmo se ela existiu na época romana, Pompéia e outras cidades antigas estão ai para provar) e que o banho era mais uma aventura. 
A agua era retirada do poço, aquecida e a banheira era em cobre. Porém o cobren que conserva o calor, se torna muito quente, por isso se cobria com um lençol para evitar as queimaduras, e a pessoa tomava banho vestida com uma espécie de camisola, pois não se podia ficar nu.

Para a visita, fomos recebidos pelo proprio Marquês de Breteuil, que fala com muita paixão do lugar e consegue nos transmitir todo o seu entusiasmo. Em seguida ele deixa os visitantes aos culdados de um dos guias, igualmente competentes. 

* A altura de Luis XIV resta um mistério. Muitas pessoas espanham a idéia de que ele era baixinho, essa lenda sendo transmitida através de uma armadura em seu nome, um presente de Veneza (mas que segundo os relatos da época, era muito pequena). Porém apos a Revolução Francesa, os relolucionarios que profanaram a sua tumba relataram a surpresa de encontrar um corpo de grande estatura.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Primavera em Paris

Após um longo, cinzento e chuvoso inverno, parece que a primavera chegou para valer em Paris e na França inteira! Já não era sem tempo!



Para mim abril é um dos melhores meses para visitar a Europa, ensolarado e uma temperatura muito agrádavel, em torno dos 20 graus durante a tarde. 


Mas atenção, as manhãs são ainda bem frias (descem facilmente aos 5 graus), assim como a noite, mas os dias começam a ser longos, 20h é ainda dia!!!

Não saia de casa sem um casaco quentinho e uma écharpe para cobrir o pescoço, opte por peças que possam ser facilmente tiradas ao longo do dia. 

Evite blusas de gola alta ou blusões de lã, por exemplo, que não são nada práticos quando as temperaturas sobem ao longo do dia e não podemos trocar de roupa.

Uma das coisas que adoro é a temperatura por aqui, eu que odeio passar calor só sofro uns 2 ou 3 dias por ano. 
Mas já tem francês reclamando desse calorão todo!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Château d'Ecouen - ou Museu da Renascença

Todo mundo sabe que a França concentra uns dos mais belos castelos do mundo e provavelmente mesmo quem nunca esteve por aqui ja ouviu falar de Versailles, Chantilly ou alguns castelos do Vale do Loire.

Mas existem muitos outros, menos famosos mas ainda assim cada um com o seu charme e suas particularidades.

No ultimo domingo eu queria fazer alguma visita gratuita (alguns locais são gratuitos no primeiro domingo do mês), e foi pesquisando no site das atrações que fiquei sabendo da existência do Museu Nacional da Renascença que é localizado dentro do Castelo d'Ecouen, a somente 20 minutos de trem de Paris.


O castelo é muito bonito mas atualmente estah passando por importantes reformas, principalmente no exterior, e não é muito facil fotografar por esse motivo. Esse foi o melhor ângulo.

Ele começou a ser construido em 1538 por Anne de Montmorency (um homem, apesar do nome que nos parece feminino), chefe do exército dos reis François I e Henri II. Ao final de sua vida ele possuia 1"0 castelos e 2 residências em Paris.

Apesar de merecer uma visita por si soh e pela sua arquitetura tipica da Renascença Francesa, o local é visitado pois abriga uma importante coleção de objetos de artes decorativas do periodo.

A visita começa pelo térreo e a sua antiga capela, onde existe uma copia (da época, não se trata de uma copia recente) da famosa Santa Ceia de Leonardo da Vinci. Essa obra foi realizada em Milão por um dos alunos de Leonardo da Vinci (1506-1609), ou seja, alguém que conheceu o mestre e que viu a obra original e nos fornece elementos importantes sobre a mesma, que atualmente estah em péssimo estado de conservação (ela pode ser visitada em Milão).

Podemos sair e visitar o patio interno, observar a ala dedicada aos apartamentos do rei (Henri II, com seu emblema das 3 meia-lua entrelaçadas) e da rainha (Catherine de Medecis, com o emblema do arco-iris).


Porém a obra-prima do museu é o conjunto de tapeçaria de parede que em 10 painéis gigantescos (75 metros no total) contam a historia de David e Betsaba, concebida e realizada em Bruxelas por volta de 1520. 
No primeiro painel o narrador abre seu livro para contar a historia que começa com a entrada do Arco da Aliança em Jerusalem:



Na época, as tapeçarias serviam para aquecer as paredes e tornar as temperaturas dos castelos mais agradaveis no inverno, pois proporcionavam uma melhor isolação térmica, além de serem objetos decorativos.

Historia de Diane

Outras salas são dedicadas aos vitrais, cerâmicas otomana e francesa, vidros e artes do fogo, assim como as joias.

Uma das peças mais prestigiosas da coleção é a Daphné, com seu imenso coral.


 Maquete do castelo
E seus arredores.

Informações praticas:
O acesso ao castelo d'Ecouen é bem facil pelos transportes publicos. O trem sai de Gare du Nord praticamente a cada 30 minutos e em 20 minutos nos deixa na estação de Ecouen-Ezanville. De la basta pegar o ônibus 269 ou então uma caminhadinha de 16 minutos pela floresta.
Horarios: de 9h30 à 12h45 et
                 de 14h à 17h45 (17h15 no inverno)
                  Não abre nas terças

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Costumes franceses que me irritam

Quem acompanha um pouco o blog sabe que já "defendi" muito os franceses e seus costumes e que já me acostumei com muitas coisas que atualmente fazem parte da minha conduta.

Porém hoje quero falar de alguns hábitos franceses com os quais não consigo que acostumar e que (alguns deles!) me irritam. Vamos lá:

- A mania das francesas não divulgarem o nome do bebê antes do nascimento
Na maioria dos casos que acompanhei, o nome do bebê é segredo! Ninguém soube me explicar bem, em alguns casos é para criar a expectativa mesmo, para que todo mundo fique curioso e conjecturando "qual será o nome do bebê?", em outros casos é por "medo" mesmo, medo de que a gravidez não chegue ao final. 
Sei lá, para mim é importante o bebê já ter um nome, e mesmo se realmente os pais venham a perdê-lo faz parte do processo do luto, mas parece que os franceses não pensam assim.

Recentemente, na família do meu marido um bebê nasceu com 25 semanas e 950 gramas, eainda está no hospital, lutando pela sobrevivência, e ninguém quer nos falar o nome pois não sabem se o bebê vai sobreviver. Cada dia eu pergunto como vai o bebê, mas eu preferia perguntar "como vai o "Fulaninho"? Imaginem, um serzinho que apesar de frágil ele está ali, respirando, vivendo!!! Eh um ser e merece ser chamado pelo seu nome...
Bom, já fiz tanta gafe... Quantas vezes o bebê nascia, eu perguntava "correu tudo bem? a Fulana(mãe) está bem? E o bebê está bem? Então tá..." E aí as pessoas me olhavam chocadas: "você não vai perguntar o nome do bebê?"
Talvez de tanto chamar o bebê de "bebê" eu tenha perdido completamente o interesse pelo nome.
E se o objetivo é causar expectativas, comigo não funciona, não fico morrendo de curiosidade!

- De uma forma geral os franceses fumam e inclusive os jovens acham bonito! Uma coisa que no Brasil está ficando fora de moda.
(Porém, mesmo se eu odeio cigarro, cheiro e fumaça de cigarro, além de todos os problemas de saúde que estão CONFIRMADOS que ele causa, eu respeito quem fuma e acho que o fumante tem que ter o direito de fumar em algum lugar.)

O problema é que aqui na França fumar ganha toda uma dimenção social e se você não fuma meio que fica de fora do grupo, da panelinha...
Quando fui promovida e fui convidada para um Seminário da empresa, a minha chefe me deu algumas "dicas" e disse que no Seminário todo mundo é "cool", todo mundo fuma... Hein? Como assim? Eu disse que fora de questão de fumar, eu que nunca coloquei um cigarro na boca e tenho horror disso. Ela disse que cada um fazia o que queria, mas que era uma forma de estar mais próxima das "conversas" e das pessoas. Ela que não fuma estava lá fumando com os "poderosos" na "pause cigarrette" (pausa cigarro) e é claro que a pessoa que não fuma não vai ficar ali do lado e aí as pessoas se aproximam mais se elas fumam... Felizmente acabei me aproximando de duas pessoas que são muito respeitadas e que não fumam, mas cujos cargos não são nada estratégicos.


- No início me irritava o costume dos franceses de cumprimentarem com beijinhos (geralmente 2, 4 para os mais velhos, para as pessoas do interior ou para os gourmands). Acho um saco ter que chegar no trabalho e sair beijando todo mundo... Mas não é que fiz um esforço enorme para ser beijoqueira, afinal temos que ser "cool" e aí, volta e meia chego querendo beijar as pessoas e sempre tem alguém para dizer "não, não vou te beijar pois estou doente". A primeira vez senti como se fosse um tapa na cara, uma "cortada". Mas não, parece que é normal, as pessoas evitam de sair por aí distribuindo micróbios e acham que os beijinhos no rosto são muito perigosos para isso. O jeito é me acostumar, temos que sair beijando todo mundo, mas sabendo que alguem vai te dizer não pois está doente. Não podemos levar para o lado pessoal!

- Na França ser prolixo é considerado uma qualidade e as pessoas adoram um monologo! As vezes pego um trem e tem alguém falando durante 2 horas e seus companheiros de viagem soh escutando e invervenindo ocasionalmente.
Se eu estou de acordo que é falta de educação sair interrompendo as pessoas, para mim também faz parte de um dialogo uma boa interação, e todo mundo pode falar. Geralmente a gente costuma interremper as pessoas no Brasil para dizer que não estamos de acordo, ou para dar a nossa opinião, ou compartilhar uma experiência semelhante... Mas aqui isso é um pecado mortal!
Resultado: depois de 15 minutos da pessoa falando sozinha eu jah não consigo mais me concentrar ao tom monotono do dialogo e não consigo evitar de pensar em outra coisa.

- Mania de "discutir" sobre tudo... Francês adora uma discussão acirrada! Para mim fica parecendo que é briga mesmo, com exposição de opiniões bem fortes, emoções exaltadas, as pessoas dizem o que pensam sem medo... Mas ai a discussão termina e ninguém ficou de mal, tudo isso faz parte, ninguém leva para o lado pessoal. Eu fico muito cansada com esse tipo de discussão, parece que não me sobra nenhuma energia (uma das coisas mais dificeis para mim é discutir em uma lingua estrangeira!)
Porém na França existem duas palavras diferentes: "Discuter" tem o sentido de um debate, troca de pontos de vista (o que para eles é normal) e "se disputer" seria o conflito, briga (e esse sim é negativo). Na pratica não sei onde termina um e começa o outro.
Mas o pior é que até sou meio assim também e costumo agir dessa forma no meu circulo de brasileiros... Mas o problema é que depois os brasileiros ficam brabinhos e não falam mais comigo!!!

E você, tem algum costume que incomoda onde você mora?