quinta-feira, 21 de abril de 2016

Vale a pena viajar de low cost pela Europa?

A resposta é que pode ser muito avantajoso em termos financeiros ou não, tudo depende!!! Mas não se desespere se a resposta é ambivalente, aqui seguem alguns pontos a avaliar na hora de fazer a sua escolha:

- Preço:
Pesquise no sites das empresas low cost fazendo a simulação das datas para ver se o preço inicial vale a pena. Se você comprar com antecedência e datas fora de período de "rush" (feriados europeus, finais de semana, etc), provavelmente encontrará preços desafiando toda a concorrência.
Pesquise ao mesmo tempo os valores para as mesmas datas com as companhias aéreas covencionais, você pode ter boas surpresas e encontrar uma opção ainda melhor!

- Bagagem:
Vale lembrar que a tarifa básica de uma passagem low cost não inclui bagagem despachada, SOMENTE a bagagem de cabine.
A bagagem de cabine já é bem grandinha e é o suficiente para as viagens de 4/5 dias ou mesmo mais para os mais inventivos!
Geralmete elas não citam "QUILOS", mas um tamanho específico que não pode ser ultrapassado de jeito nenhum, não tem jeitinho brasileiro. Bagagens maiores do que as estipuladas devem ser pagas, o que pode aumentar consideravelmente o preço da passagem. na maioria dos casos vale mais a pena incluir a bagagem no momento da compra ou do check in pela internet, se deixar para comprar na hora, no guichê da companhia, é mais caro.
Cabe então ao passageiro, na simulação, calcular se o preço "avantajoso" compensa ter que pagar a bagagem despachada.

- Aéroportos:
Muitas vezes as companhias low cost operam em aeroportos secundários, mais afastados e cujo tempo de trajeto é mais longo e o preço do deslocamento MAIS CARO.
Eu por exemplo evito viajar pela Ryanair, pois em Paris os vôos saem (e chegam) de Beauvais, que fica longe de Paris, o trajeto dura cerca de 1h15 de ônibus direto e custa 15,90€ (comprando com antecedência pela internet). Ou seja, eu adiciono 15,90€ em cada trecho nas minhas contas para ver se ainda assim o preço continua interessante.
Ontem mesmo voltei da Lituânia pela Ryanair, paguei 75€ ida e volta (com o trajeto em ônibus o total ficou em 107€), o que achei muito avantajoso, pois as outras companhias cobravam à partir de 250€ pelas mesmas datas e para horários menos bons.

- Horários:
Muitas vezes (mas nem sempre!) os horários dos vôos low cost são muito cedo ou muito tarde, o que "obriga" o viajante a gastar uma noite à mais de hotel. Verificar se ainda assim vale a pena!!!
Quando faço vôos curtos pela Europa, prefiro decolar de manhã (não muito cedo, para ter tempo de chegar no aeroporto com os transportes públicos e assim evitar o taxi, que "encarece" a fatura total). E, da mesma forma, prefiro voltar no final da tarde ou início da noite, evitando igualmente chegar muito tarde e precisar chamar um taxi.
Por exemplo, um vôo às 6h não é legal, você vai acordar à que horas e ainda ter que pegar um taxi? 
Mas se eu tenho a opção de um às 9h e outro ao meio dia, prefiro esse das 9h, pois assim chego mais cedo no destino. Nesse do meio dia, a manhã sera toda perdida, a não ser que o objetivo seja aproveitar de uma boa e longa noite de sono!

- Quais companhias escolher?
Quando se opta por uma low cost, opta-se por um preço ou outras vantagens (horários, etc), não especialmente pela empresa. Todas elas seguem normas de segurança européias e os acidentes são raros (assim como para as outras).
As companhias low cost com as quais mais viajo são a EasyJet e a Ryanair.
Existe também a Vueling (do grupo Iberia), Transavia et Hop! (do grupo Air France), Germainwings (da Lufthansa).

Algumas não são exatamente low cost, como a AirBerlin et Niki (adorei as duas, tinha lanche e/ou bebidas gratuitas e às vezes incluiu bagagem despachada pelo mesmo preço, à verificar), ou a SAS (dos países da escandinávia) e Aer Lingus (Irlandesa) que não são low cost para as longas distâncias, mas praticam as regras de bagagem e lanche nos vôos curtos. Também não tenho nada a reclamar de nenhuma delas.

Como eu disse mais acima, evito a Ryanair devido à localização do aeroporto, mas já usei 5 vezes e nunca tive problemas. Para quem não tem passaporte europeu, a Ryanair também exige a apresentação no guichê, mesmo que não tenha bagagem à despachar, para verificarem o passaporte e carimbarem o cartão de embarque. Acho um pouco chatinho, pois nos obriga fazer fila e chegar um pouco mais cedo
.
A minha preferida é sem dúvida a EasyJet. Saio de casa com o cartão de embarque impresso (que pode ser feito  gratuitamente 30 dias antes da viagem) e então chego direto no aeroporto sem muita antecedência, tempo suficiente para passar o contrôle e chegar na hora indicada na porta de embarque. Com ela devo ter viajado mais de 30 vezes, nunca tive atrasos significativos (20 minutos não cosidero um atraso considerável a assinalar) muito menos vôos cancelados.

Outros pontos a considerar:
Em uma tarifa básica low cost nenhum tipo de modificação é possível, ou se for, nada será oferecido gratuitamente. Um erro no sobrenome, data de nascimento, nacionalidade e número de documento pode ser fatal, ou seja, o embarque torna-se impossível. Cancelamentos ou mudanças de vôo também não são possíveis (somente um seguro pode resolver o problema).

Vocês podem se dizer que não sou muito exigente, por isso não tenho nada a reclamar. E é a pura verdade! Quando opto por um vôo econômico o importante é que a empresa honre a sua palavra de me levar do ponto A ao ponto B com segurança e pontualidade. Quanto aos comissários, eles sempre dizem "bom dia" e "obrigada, adeus". Eu sento no meu lugar e nunca espero nem peço nada extra à eles.
Quando compro a passagem, sei que ela não é modificável nem reembolsável e até a data presente nunca precisei entrar em contato com o Serviço Cliente por conta disso. Tenho consciência que no dia em que não puder viajar (problemas de saúde, atrasos ou outros de ordem pessoal), o problema "será meu" e terei que entrar em contato com o meu seguro para tentar obter alguma coisa.

E você, qual foi a sua experiência com as low cost?

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Dentista na Franca

Parece ser uma unanimidade, brasileiros reclamam muito dos dentistas franceses e de uma forma geral dos dentes dos franceses, que não seriam tão brancos ou tão bem cuidados quanto os dos brasileiros.

De um lado eu me "surpreendo" com esse tipo de comparação, pois sabemos que existe muita desigualdade no Brasil, e que dentista no Brasil ainda é um artigo de luxo. Nos bairros mais pobres, é muito comum encontrar pessoas sem dentes ou com dentes em péssimo estado.

Mas por outro lado eu "entendo" essa comparação, pois da classe média brasileira para cima, a busca pelos dentes perfeitos virou, no meu entendimento, uma obsessão.

Na Franca "de uma forma geral" os cuidados são mais com a saúde bucal e pensa-se um pouco menos no lado estético. Então ainda não é muito comum o clareamento e a maioria dos dentistas não propõe. Eles propõe os tratamentos que julgam necessários para a saúde.

As vezes a gente também vê francês com bom carro na garagem e casa legal, pensa que ele tem dinheiro mas não cuida dos dentes. Também conheço muitos casos assim no Brasil, mas na França a pessoa pode ter carro e moradia legal e nem por isso ter muito dinheiro nem um plano de saúde. Também raramente veremos um adulto usando aparelho, que ainda é visto com muito estranhamento se não for em crianças ou adolescentes, e o uso de aparelhos e muito mais pelo lado terapêutico que estético. Um exemplo é o ator francês Jean Dujardin, que ganhou o Escar em 2012 e que teria tentado carreira nos EUA, mas que segundo as mas linguas, não foi aceito em Hollywood pois seus dentes não seriam perfeitamente alinhados!

E como depoimento, eu posso dizer que tive trauma de dentista toda a minha vida, e foi somente na Franca que pude me reconciliar com a profissão, com os meus dentes, e enfim me olhar no espelho.

No inicio da adolescência tive um problema de saude que exigiu um uso prolongado de corticoïdes. Na época se falava que engordava, mas não era nada em comparação com o risco que eu tinha, que era um risco iminente de perder a visão, então em nenhum momento foi questionado o tratamento (que, diga-se de passagem, deu certo!)

Acaso ou influência do tratamento, eu parei de crescer aos 13 anos, comecei a ter formas de adulta (seios, etc), mais pelos e não demorou muito para as cáries aparecerem. A cada vez que eu ia no dentista era uma tortura, eles meio que me faziam um terrorismo: "se não cuidar dos dentes vai estar banguela antes dos 18 anos e aos 30 anos não vai sobrar nenhum dente na boca". Perdi as contas de quantas vezes me disseram isso de forma menos ou mais pedagógica. Eu queria saber o que eles queriam dizer com cuidar melhor, pois eu escovava os dentes cuidadosamente após cada refeição, usava fio dental ("sem parar quando sangrava", como me recomendavam), praticamente não consumia doces, balas e chicletes, não comia fora das refeições e nunca fumei. Na minha casa eu passava muito tempo escovando os dentes e minhas irmãs e mesmo os meus pais me mandavam parar, que eu iria "estragar" ainda mais os meus dentes, que iria fragilizar o esmalte, etc. Minha irmã mais velha que nunca usava fio dental e escovava rapidamente os dentes não tinha nenhuma cárie.

O tempo foi passando, um dia um dentista resolveu trocar uma obturação que estava amarelada segundo ele. Alguns dias depois não aguentava a dor e tive que fazer um tratamento de canal. Posso estar enganada, mas acredito que foi o fato de "limpar" mais profundo do que deveria que atingiu o canal do dente. O tratamento de canal foi um "sucesso", mas com o passar do tempo o dente foi escurecendo, o que me causava muito incomodo, principalmente na faculdade relativamete "selecionada" onde eu estudava, no meio de tantos dentes perfeitos e branquinhos.

Ao mesmo tempo, a cada vez que eu ia no dentista me davam um orçamento astronômico "só para começar", pois segundo os dentistas eu "tinha tratamento para fazer durante anos e anos.

Acabei me voltando para um dentista de "pobre" e fiz o que segundo ele era realmente importante e necessário. Ele criticava essa nova forma de ver a odontologia, um pouco como a cirurgia plástica segundo ele: tem que ter os dentes perfeitos, branquinhos, assim como se tem que ter o corpo perfeito, fazer lipo, colocar silicone, passar ácidos, laser, etc...
Eu já comecei a me sentir muito melhor, mas o meio não ajudava. Ouso mesmo dizer que por muitos anos eu evitava de sorrir (ou rir) pois tinha vergonha dos meus dentes.

Foi quando cheguei na Franca que pude enfim me conciliar com os dentistas e readquirir a minha auto-estima.
Como uma parte dos tratamentos dentários são cobertos pela saúde pública, uma outra parte pelo meu "plano de saúde", e estabilizada financeiramente, decidi fazer o que tinha que fazer.

Para a minha surpresa o dentista não fez nenhum terrorismo comigo, nunca me disse que meus dentes eram perfeitos, mas assinalou as "coisinhas" que tinha para fazer, que tudo estava bem controlado, não tinha nenhum problema evolutivo. Ele propôs fazer alguma coisa pelo meu dente do tratamento de canal, que ficou da cor dos outros, trocou duas outras obturações que segundo ele riscavam de quebrar e volto desde então todos os 6 meses para a limpeza.

Tenho os dentes perfeitos? Não, mas hoje não almejo mais tê-los, para mim não sou mais julgada por eles. Posso rir e sorrir sem nenhuma vergonha. E ao contrário das predições dos dentistas brasileiros, cheguei aos 36 anos com todos os meus dentes!